Um Grito, todos os gritos – #Editorial

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
 
O 26º Grito dos Excluídos tem o mote principal “Vida Em Primeiro Lugar”. As consignas falam de dar um basta na miséria, o preconceito e a repressão. Exige terra, trabalho, teto e participação. Uma pauta ampla, abrangente e urgente que se fez mais premente depois do golpe de estado de 2016, mas que sempre esteve subjacente na sociedade brasileira. Como a cada ano, Desacato estará acompanhando o Grito desde o extremo oeste de Santa Catarina e em conexão com outras regiões do país.
 
2020 encontra esse Grito dos Excluídos num dos piores momentos da nossa história. É possível perceber que uma vez superada a presente tragédia sanitária, outras mortes aumentarão de forma alarmante no Brasil. O 26º Grito está contido na exigência de terra para quem a trabalha, num país que cada vez mais monopoliza a exploração do solo em benefício dos grandes capitais estrangeiros. Se destrói o meio-ambiente, deslocando populações inteiras e desmatando de tal modo que o planeta todo fica em risco. O ataque impiedoso do agronegócio à agricultura familiar e às terras indígenas transformou o Brasil num pária internacional em matéria ambiental e de direitos humanos, e o retornou ao mapa da fome.
 
O aumento da miséria está alicerçado no crescente desemprego, na precarização do trabalho e na destruição da soberania nacional. As leis do trabalho que impulsiona o executivo nacional “legalizarão” a neoescravidão em todo o território nacional. Jornadas exaustivas, a transformação da força de trabalho em uma gigantesca massa de diaristas precários, a uberização crescente, a falta de oportunidade, a ausência de investimento e o desinvestimento programado em áreas estratégicas do país, prenunciam dias de desgraça e desolação para os trabalhadores brasileiros. Quando caia o cartaz da pandemia um filme de terror se apresentará aos olhos do povo.
 
O presidente da república reavivou e tornou plausíveis comportamentos sociais que estavam, senão desaparecidos, escondidos no porão da civilização. A agressão racista, seguida de perseguição, sequestro e assassinato de jovens e crianças negras e negras passou a ocupar espaço de destaque na mídia que teve como hábito histórico escondê-la. Graças ao discurso de Bolsonaro, a discriminação contra as pessoas Lgbts, transexuais e ainda com diversidades anatômicas, transformou em divertimento a chacota miserável, a violência, a tortura e o insulto a todo aquele que está à margem da compreensão fascista do arquétipo humano bolsonarista.
 
Todas estas pragas os brasileiros devem enfrentá-las com o medo crescente de não ter um teto onde se proteger das agruras que o capitalismo serve a cada dia. Sem emprego ou com a precarização do trabalho o brasileiro está com o coração no meio-feio e a população de rua aumenta nas grandes capitais onde é objeto da violência higienista do estado e da sociedade.
 
Por isso tudo, neste Brasil duro e injusto é preciso levantar a voz e os punhos. É necessário lançar em um só Grito todos os gritos e arremeter contra o inimigo da Classe Trabalhadora e da Vida.
 
#Desacato13Anos #SemprePresente #Editorial

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