
Por Luis Nassif, Jornal GGN.
Um dos grandes problemas do país são as falhas no mercado de informação. Há um país pujante sendo desenhado nas pesquisas acadêmicas, em alguns setores de ponta, no desenho de uma política de terras raras, focada na transição energética, nos programas da Nova Indústria Brasileira (NIB).
Mas o país que aparece nas manchetes é apenas o do realismo mágico das metas inflacionárias, permitindo infundir terrorismo fiscal, estando com as contas quase equilibradas, impondo uma taxa Selic impraticável.
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Essa agenda condiciona todas as políticas públicas, ainda mais em um governo que tem, ao mesmo tempo, a maior figura pública em defesa da democracia – o líder Lula – e um presidente totalmente desinteressado das políticas públicas – o mesmo Lula.
A história já ensinou que programas econômicos, especialmente em fases de grande transição como agora, exigem um planejamento integrado.
Foi o que JK fez com o Plano de Metas. Foi o que Roosevelt fez com o New Deal. Foi o caso de Getúlio Vargas, aproveitando a identificação de projetos prioritários, pelo Plano Salte, para investir na infraestrutura que permitiu o salto industrial dos anos seguintes.
O país tem o BNDES, tem gestores públicos de primeira, tem agências que pensam o futuro, que interagem com o mundo econômico, social e acadêmico. A simples organização de um modelo de gestão impulsionaria o governo, a economia daria a Lula a peça central que falta: a visão de futuro, a capacidade do país voltar a sonhar.
Mas Lula só se move sob pressão. E a pressão da mídia é essa loucura de criminalizar o que chamam de “gastança”, inviabilizar a máquina pública, tratar como bezerro dourado essa loucura das metas inflacionárias – um sistema que está sob cheque em todo o mundo.
Lula precisa acordar. Mas a mídia precisa entender que pode desempenhar um papel legitimador, caso entenda o que é efetivamente relevante na atual fase da economia brasileira.
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