Antônio Benedito Conceição, descendente de escravos, mais conhecido como Antônio Mulato, morreu nesse sábado (15) aos 113 anos em Várzea grande, região metropolitana de Cuiabá, no Mato Grosso. Ele era um dos quilombolas mais velhos no Brasil e teve mais de 18 filhos, 34 netos, 41 bisnetos, 17 tataranetos e 2 trinetos.
O idoso nasceu e e morava na comunidade de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, a 42km de Cuiabá. Segundo familiares, ele estava internado desde a última quarta-feira (12), no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG) com complicações renais. No final da tarde não resistiu e morreu.
O velório foi realizado desde a madrugada de domingo (16) na Câmara Municipal de Vereadores de Nossa Senhora do Livramento, e o corpo foi velado no início da tarde. O cortejo fúnebre saiu para o cemitério da Comunidade Mata Cavalo, no mesmo lugar onde o pai e uma das esposas de Antônio Benedito estavam enterrados.
A comunidade na qual ele morava é habitada por descendentes de escravos há mais de 120 anos. O idoso sofria de mal de Parkinson e Alzheimer e, segundo a comunidade, ele comia de tudo, mas não gostava de alimentos enlatados. Acordava cedo todos os dias e sentava na frente de casa para tomar um cálice de vinho branco. Sem saber ler e escrever, ele formou filhos professores, advogados e fazendeiros.
O Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) soltou uma nota lamentando o falecimento de Antônio Mulato, líder e símbolo quilombola da comunidade Mata Cavalo. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, ele sofreu inúmeras ameaças de morte por se recusar a deixar as terras que recebeu.