Um despertar. Por Roberto Liebgott.

Foto: passaros.org

Por Roberto Liebgott.

Quando o breu inunda a alma, quando a voz fica trêmula de angústia, quando os ventos ameaçam devastar o ambiente, quando a dor parece insuportável, quando tudo no que acreditamos se dissolve, então se pode ouvir, na madrugada ainda sem luz, o canto suave do Sabiá, que acorda para o amanhecer.

Ele, o tenor solo do despertar, entoa um som lírico, como se recitasse uma poesia, chamando o João de Barro, os Canarinhos e os Pardais, convocando as Jacutingas, as Pombas Rolas, Caturritas e Saracuras para melodiarem ao sol que, em seguida, vai despontar.

E tudo recomeça, em sintonia as aves ficam alvoroçadas, as janelas se abrem, os caminhos estão a espera das caminhantes, dos romeiros e romeiras, de todas as gentes, em suas infinitas diferenças, que seguirão suas rotinas cotidianas, moldando, desenhando, construindo o mundo de hoje e do depois.

Mas, para torná-lo melhor, há que despertar e encantar, assim como faz – o solista lírico – Sabiá.

Porto Alegre, 08 de dezembro de 2022.

Roberto Liebgott

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.