UFSC identifica Norovírus em epidemia de diarreia em Florianópolis; vírus pode estar na água e alimentos

    Laboratório de Virologia Aplicada analisa amostras de diversos materiais. Foto: Daiane Mayer/Estagiária de Fotografia da Agecom/UFSC

    Por Amanda Miranda para, Agecom/UFSC.

    O Laboratório de Virologia Aplicada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou o Norovírus Humano Genótipo I (HuNoV-GI) em 12 das 19 amostras fecais analisadas em parceria emergencial com o BiomeHub e a Vigilância Sanitária de Florianópolis (Visa). A equipe coordenada pela professora Gislaine Fongaro, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, analisou 19 amostras fecais e três em praia e rio. “O micro-organismo é um agente patogênico e sua presença significa um problema para saúde pública”, alerta. As amostras foram fornecidas pela Visa.

    Segundo ela, os Norovírus detectados no estudo, tanto em amostras fecais quanto em água, são vírus feco-orais, patogênicos, responsáveis por surtos gastroentéricos, sendo propagados principalmente por via alimentar. Sua transmissão também pode ocorrer pela água e por aerossóis provenientes de fezes e vômito de pacientes infectados. “Recomenda-se fortemente a ampliação da vigilância em pacientes e águas, bem como em amostras de alimentos, principalmente de consumo direto ou minimamente processados – hortaliças e outros”, completa.

    Das amostras de águas, o Norovírus também foi encontrado na água coletada no Rio do Brás, em Canasvieiras, no Norte de Florianópolis. A professora explica que pela via alimentar o vírus pode se espalhar por meio da irrigação e cultivo em ambientes já contaminados. Além disso, esse tipo de micro-organismo também está associado a rotas de cruzeiros, causando surtos em confinados. “Hortifrúti e moluscos também são alvos de acúmulo desse vírus, além das águas”, pontua.

    Ainda conforme a professora, na análise foi possível identificar que o vírus surge na via fecal e acomete águas. “Mostra a contaminação das águas por fezes contaminadas pelo vírus”, pontua. Nessa coleta, entretanto, o micro-organismo não foi identificado no mar. “A balneabilidades no Brasil e em vários países é mensurada por padrão bacteriano como indicador. Vírus são buscados em pesquisas ou em casos de surtos”, observa. “Quanto mais amostras tivermos, mais representação teremos da situação daquele ponto amostrado”.

    Conforme Gislaine, a presença do vírus no rio pode indicar que ele chegue às águas por via direta de esgotos ilegais, principalmente. Do rio, é possível que seja transportado para o mar – muito embora os estudos de balneabilidade rastreiem bactérias e sejam necessárias mais amostras e análises.

    A pesquisadora lembra que é importante monitorar mais águas, mais pontos e também os alimentos, além de diagnosticar pacientes, sabendo a origem etiológica do surto. Rastrear águas e alimentos possivelmente contaminados, buscando melhorias sanitárias e evitando novos eventos também é ação importante. “Estamos monitorando ainda amostras fecais e ambientais coletadas diretamente pela UFSC e comunicaremos à Vigilância Sanitária após novos resultados”.

     

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