Texto de Rádio França Internacional – RFI.
“Este acordo do Mercosul, tal como está, não é bom para os nossos criadores. Não pode, não deve ser assinado tal como está. Não será assinado tal como está”, prometeu o ministro ao canal CNews e à rádio Europe 1. A mensagem também é direcionada aos agricultores franceses, que há duas semanas multiplicam mobilizações de protesto, denunciando as dificuldades do setor e criticando o acordo europeu.
Essa raiva do mundo agrícola em vários países da UE – incluindo a França, onde foram registrados mais de cem bloqueios e 10.000 manifestantes na quarta-feira – teve impacto nas negociações com os países latino-americanos do Mercosul nos últimos dias.
Em um contexto em que tenta acalmar o descontentamento do setor agrícola, o governo da França deixou claro que se opõe à conclusão de tal acordo com potências agrícolas como o Brasil ou a Argentina.
O presidente Emmanuel Macron disse na terça-feira que se opunha ao documento por causa de “regras que não são consistentes com as nossas”, embora seja desejado por países como a Alemanha.
Negociações continuam
As condições para um acordo entre o Mercosul e a UE “não estão reunidas”, reconheceu a Comissão Europeia, mas confirmou a continuidade das negociações.
As conversações entre os negociadores da UE e do Mercosul aconteceram na semana passada no Brasil e “as discussões ao nível técnico continuarão”, detalhou Eric Mamer, porta-voz da Comissão.
“Acreditem, quando a França quer algo na Europa, tem peso suficiente para impor isso”, respondeu Bruno Le Maire, afirmando que “é graças ao presidente da República e só graças a ele, que este acordo não é assinado hoje.”
As negociações entre a UE e o Mercosul para um acordo comercial começaram há quase um quarto de século, em 2000.
Um acordo político foi alcançado em 2019, mas a oposição de vários países, incluindo a França, bloqueou a adoção final.
“Enquanto não tivermos uma resposta clara e enquanto não tivermos algo que evite sujeitar nossos produtores franceses e europeus a cláusulas, a uma concorrência que é uma concorrência desleal, não pode haver um acordo do Mercosul”, acrescentou o ministro francês da Agricultura, Marc Fesneau, na Rádio Sud.
(com AFP)
