Turistas que visitam Florianópolis: tragam bola de cristal!

Por Leonardo Contin da Costa.

Capital turística do Mercosul, a ilha da magia é totalmente avessa a turistas quando o assunto é informação aos visitantes. Quem vem de carro, reclama da constante falta de placas e sinalização indicando pontos turísticos, centro histórico e as praias menos badaladas – já na entrada da cidade, o elevado Carl Hoepcke (ao lado do Terminal Rita Maria) confunde não só nativos, mas praticamente todos os visitantes que passam pelo local.

Mas o problema mais grave – e que, assim como o elevado, deixa dúvidas em turistas e nativos -, é o transporte público. A escassez de rotas e horários de ônibus para diversos pontos da ilha e continente é velho conhecido, assim como a famigerada “caixa-preta” do transporte coletivo que nunca foi aberta pela atual administração municipal, embora prometido à exaustão na época da campanha. Mas o que mais surpreende numa cidade turística é a total ausência de informações nos pontos de ônibus fora dos terminais sobre quais linhas (quais itinerários) e em que horários eles passam no local.

Não é forçoso recordar que há algum tempo atrás, nossos pontos de ônibus já foram referência nacional em termos de informação: havia um mapa da cidade com o ponto exato em que o usuário do transporte coletivo se encontrava e uma tabela que indicava quais linhas de ônibus passavam naquele ponto (para quais bairros aquela linha se dirigia) com os horários aproximados em que o coletivo passaria no local.

Hoje os pontos de ônibus possuem propagandas das mais diversas (de operadoras de telefonia a lojas de roupas), mas a maioria deles não possui o essencial: informações básicas sobre as linhas que operam naquele ponto (destino, horário, trajeto em um mapa com os bairros por onde o coletivo passará). Quem não está habituado a andar de ônibus ou quem necessita pegar uma linha que não é a sua habitual, sofre um bocado até conseguir descobrir qual linha atende sua necessidade. Se já é difícil para quem reside na cidade, o que dirão turistas estrangeiros que precisem do transporte coletivo?

Cabe lembrar que a ausência de informação não se dá por falta de espaço: em quase todos os pontos há propagandas e campanhas institucionais. Em alguns pontos, inclusive, há indicação do mapa em que se localiza determinada loja, mas não há qualquer referência sobre linhas de ônibus. Uma administração inteligente usaria o dinheiro dos comerciais em cada ponto de ônibus (anunciar num local estratégico como este não deve ser barato) para manter os abrigos sempre em dia e com informações atualizadas aos usuários de transporte coletivo.

Nas principais capitais europeias, os abrigos para usuários de transporte coletivo são totalmente conectados com as linhas e indicam, com relativa precisão, o tempo que falta para o veículo chegar até aquele ponto e para onde aquela linha irá. Obviamente não estamos podendo esbanjar tecnologia, a realidade daqui é outra, mas informações básicas coladas num papel em cada ponto de ônibus não teriam um custo alto à Prefeitura e facilitariam a vida de todos os usuários.

Enquanto isso, quando um turista precisa utilizar o ônibus e não sabe qual linha pegar, a informação que recebe é a seguinte: “os horários e itinerários estão todos na internet, basta procurar no site” (já vi este tipo de recomendação quase uma dúzia de vezes). Sim, turistas, tragam sua bola de cristal na mala para adivinhar qual ônibus pegar e sejam felizes em Florianópolis!

Fotos: Leonardo Contin da Costa

Ilustração: Gessony Pawlick Jr.

Fonte: http://estopim-online.blogspot.com.br/

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