Por Roberto Liebgott.
Garimpeiros aos milhares,
Seguem em marcha desproporcional,
Ocupam áreas indígenas,
Brutalizam a terra,
Enlameiam as águas.
Agridem os mananciais,
Lançam o mercúrio mortal,
Todos, peixes, aves, bichos
desaparecem,
As gentes adoecem e sucumbem.
Devastam por ouro,
Que não será deles,
Mas do empresário tirano,
Instigado pelo lucro e discursos,
Do genocida palaciano.
Seguem em caravanas de morte,
Perturbam o sono,
Agridem os corpos,
Violentam o feminino,
Banalizam os meninos.
Suas balsas e dragas,
Perversamente instaladas,
Sobre o rio do alimento e do banho,
Sugam crianças,
Afogam as esperanças de um povo.
Mataram, matam, matarão,
Tomados pela ambição,
Os outros, os irmãos e irmãs,
São efeitos colaterais,
Que não importam ao propósito da exploração.
Brutos, brutalizantes têm um comandante,
Que do alto de sua perversidade,
O facínora descontrolado,
Propaga o ódio exterminante,
Chacinando as vidas de todo o ambiente.
Dragaram meninos Yanomami,
Dragam os sonhos,
Dragam as culturas em suas expressões mais belas,
Dragam o amanhã dos povos,
Dragam os espíritos e as ancestralidades.
Com tudo isso acontecendo,
Eu, você, nós assistimos,
E,despreocupados, permanecemos,
Sentados no banco da praça,
Dando milho aos pombos!
Até quando?
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No dia 13 de outubro, depois das festas em homenagem a Nossa Senhora Aprecida – padroeira do Brasil – e, o dia das crianças, garimpeiros invasores da terra Yanomami instalaram, numa balsa, dragas para extrair ouro do fundo de um rio, só que no rio onde as crianças Yanomami tomam seus banhos. A draga foi acionada, pelos assassinos garimpeiros, e sugou duas crianças, uma de cinco e outra de sete anos. Por isso, de novo, a pergunta: até quando?