RBA.- Parlamentares e veículos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) deverão remover postagens com fake news sobre o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ministra Maria Claudia Bucchianeri determinou que a notícia falsa, de que Lula acabará com o trabalho por aplicativo se chegar à Presidência da República, seja apagada do perfil do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de outros sites, como o Blog do Linhares, a Revista Oeste e O Antagonista.
A informação circulava nesses sites bolsonaristas e foi reproduzida pelo filho do presidente que publicou que Lula “iria acabar com os empregos de motoboys no Uber, Ifood e apps similares”.
Quando, na verdade, o ex-presidente, atualmente candidato do PT, escreveu em seu Twitter, em defesa da criação de empregos formais, que o país “não quer eternizar empregos de aplicativos que as pessoas não conhecem o patrão, não tem direito a férias”. “Nosso povo vai voltar a trabalhar, voltar a ter carteira de trabalho assinada. Se quiser ser empreendedor, vai ganhar crédito para montar seu negócio”, dizia Lula.
Fake news com Adélio Bispo
Para a ministra, as postagens falsas dos perfis bolsonaristas distorceram o conteúdo do tuíte. Atendendo a pedido da coligação Brasil da Esperança, que tem o ex-presidente como candidato, o TSE também ordenou a remoção da notícia falsa de que o irmão de Adélio Bispo, que esfaqueou o atual mandatário na campanha de 2018, teria uma foto posando ao lado de Lula. Trata-se de uma fake news já desmentida por agências de checagem, conforme destacou Maria Claudia.
“O conteúdo impugnado é veiculado nas redes sociais desde meados de 2020 e vem sendo desmentido desde então pela mídia e por meio de diversas agências de checagem de fatos, como a Fato ou Fake, Aos Fatos, PaiPee e AFP Checamos, entre outras”, descreve a decisão. A Justiça Eleitoral determinou que as notícias falsas sejam retiradas de perfis bolsonaristas no Facebook, Twitter, Gettr e Kwai.
A ministra negou, no entanto, um pedido de remoção de publicações que enfatizavam uma frase do petista sobre a pandemia de covid-19 em maio de 2020. Na ocasião, Lula afirmou “ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises”.
Distorções
No dia seguinte à fala, em “live” promovida pela RBA, o ex-presidente pediu desculpas pela declaração, explicando que tentava dizer que o auge da crise sanitária levou muitos a descobrirem a importância de uma instituição pública como o Sistema Único de Saúde (SUS), “tão menosprezado”. “Foi isso que eu tentei dizer, e utilizei uma frase totalmente infeliz, uma frase que não cabia”, justificou Lula.
Parlamentares bolsonaristas, como Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Carla Zambelli, Bia Kicis, Helio Lopes e Carlos Jordy passaram, contudo, a compartilhar a frase, insinuando que o petista estaria “exaltando o surgimento do coronavírus”. De acordo com a coligação Brasil da Esperança, as publicações “induzem os usuários das redes sociais a erro”. Mas a ministra do TSE teve um entendimento contrário, de que não houve “grave descontextualização que tenha subvertido e alterado por completo” a colocação de Lula.
Maria Claudia negou então a solicitação, argumentando que o pedido era “infundado” e que a intervenção judicial deve ocorrer sempre de “forma excepcional e necessariamente pontual”. A declaração de Lula também foi citada durante o primeiro debate com candidatos à presidência, neste domingo (28), por Bolsonaro.
Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima
(*) Com informações do jornal O Globo
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