Em matéria publicada na segunda-feira (29), o jornal argentino Página 12 afirma que a vitória foi de uma “onda ultradireitista” e que “a tristeza não é só brasileira”.
Após a pesquisa de boca de urna, diz o jornal, “Jair Bolsonaro já sepultava os sonhos de garantias democráticas para as minorias brasileiras com um triunfo avassalador”.
O periódico ainda destaca que “o novo presidente do gigante da América Latina encarna a partir de hoje a nova maioria do país”, os mais de 55% que obteve na votação de segundo turno.
“A onda ultradireitista cavalgada por um militar racista e apoiador da última ditadura invadiu a costa do Rio de Janeiro convertendo a cidade em um postal difícil de acreditar, ali onde reina o carnaval”, diz o jornal.
Em editorial intitulado “Um dia negro para a democracia”, o jornal português Público faz um retrospecto da situação política do Brasil desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e afirma que “não surpreende que os brasileiros elejam um presidente que não resiste sequer ao teste da decência mínima”.
“Não sabemos o que ele pensa sobre a educação ou as finanças públicas (recusou todos os debates), mas sabemos sim o que ele gostaria de fazer aos negros, aos gays ou aos militantes do PT”, afirma o periódico.
A publicação também destaca que Bolsornaro não terá maioria no Congresso e que será obrigado a negociar “todas as leis espúrias que lhe passam pela cabeça”.
O Público ainda afirma que, mesmo que o presidente eleito consiga aprovação de medidas, o Brasil ainda tem um Supremo Tribunal federal, a Constituição, a sociedade civil e a imprensa “para escrutinar seus delírios”.
“Aconteça o que acontecer, hoje é um dia mau para a liberdade, para a tolerância ou para a devoção ao pluralismo e à diversidade humana. A democracia no Brasil não morreu. […] mas Bolsonaro pode estar a um passo de a querer matar. Pobre querido Brasil”, encerra.
Já o britânico The Guardian aponta para o “êxtase” dos apoiadores de Bolsonaro reunidos na Barra da Tijuca, próximo à casa do presidente eleito, e na Avenida Paulista, em São Paulo, após o resultado da votação.
“Mas o triunfo de Bolsonaro irá deixar milhões de brasileiros progressistas profundamente perturbados e temerosos pela guinada à direita intolerante que seu país está propenso a tomar”, afirma.
O periódico britânico ainda destaca a trajetória do novo mandatário, conhecido “por sua hostilidade aos negros, gays, indígenas e mulheres”, além de sua “admiração por regimes ditatoriais, inclusive o que comandou o Brasil de 1964 a 1985”.