Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Chapecó, cidade ao Oeste do estado de Santa Catarina, foi a primeira a entrar em colapso no sistema de saúde. Em janeiro deste ano, o prefeito João Rodrigues seguindo a linha de Jair Messias Bolsonaro, anunciou que “colocaria a cidade para funcionar”. Em coletiva de imprensa ele afirmou: “Queremos colocar a cidade funcionar, todo mundo tem que trabalhar, não queremos parar nada”. A exposição feita via transmissão ao vivo na página do facebook da prefeitura de Chapecó no dia 6 de janeiro mudou, após o aumento expressivo de casos de pessoas contaminadas por covid-19. No mês seguinte, no dia 16 de fevereiro, João Rodrigues recebeu o então governador Carlos Moisés e anunciou nas redes sociais virtuais: “Chapecó vive uma agonia sem tamanho. Nunca vivemos o que estamos vivendo hoje. Nos últimos 15 dias a situação tem complicado a cada minuto que passa. As pessoas buscando desesperadamente um leito hospitalar, uma UTI”.
Na metade do mês de fevereiro a cidade já somava 19.175 casos de covid-19 e 161 mortos. Uma força tarefa foi direcionada para a cidade pelo Governo do Estado, quem além das equipes do governo, o Ministério da Saúde, prefeituras da região, comissão intergestores regional (CIR) integraram a força. De janeiro até fevereiro, pelo menos 75 pacientes já haviam sido transferidos para outras cidades, sendo 45 só no mês de fevereiro.
O processo de genocídio facilitado por João Rodrigues aconteceu a partir das declarações que fez ao mencionar que bares e restaurantes poderiam fechar seus estabelecimentos como bem entendessem e seus alvarás permitissem, fato que ocorreu ainda no mês de janeiro. Naquele momento, João Rodrigues ainda afirmou: “Fechar e isolar aumenta o problema. O maior contágio do covid é dentro de casa, não é na rua. O lugar que menos se tem o contágio é dentro das empesas”.
Depois dessa afirmação, veio a força tarefa em fevereiro e as medidas restritivas de circulação foram aplicadas a fim de reduzir o contágio. Chapecó, que segue com 100% das UTIs lotadas no SUS e também na rede privada é usada como exemplo por Jair Bolsonaro para propagar mentiras. No último boletim epidemiológico divulgado ontem pela gestão da prefeitura, o número de mortos chega a 541.
João Rodrigues omite informações e propaga mentiras sobre tratamento precoce
Um ambulatório montado em janeiro de 2021 em Chapecó, foi direcionado ao “tratamento precoce”, que não possui comprovação científica nenhuma e por onde corria a indicação de remédios como invermectina e azitromicina. No vídeo divulgado por João Rodrigues no domingo, dia 4 de abril e publicado também no canal do YouTube de Jair Bolsonaro, Rodrigues afirma: “Permitam que os médicos que tem vontade de fazer tratamento precoce façam”. Ele ainda seguiu omitindo informações sobre as UTIs lotadas. “Como chegamos a tudo isso? Coisa mais simples do mundo, foco, fé e coragem, união de uma sociedade”.
Professor Lauro Mattei, do Necat/Ufsc repudia declaração mentirosa de João Rodrigues:
Manifestação contra Bolsonaro e João Rodrigues
O Brasil chegou a quatro mil mortes diárias por covid-19. De acordo com o balanço diário do Ministério da Saúde divulgado na noite desta terça-feira (6), as autoridades de saúde confirmaram 4.195 óbitos em função da doença. No Oeste Catarinense, esta quarta-feira amanheceu com protesto contra o governo de Jair Bolsonaro e exigindo vacina com urgência, além da defesa do SUS, marcando também o dia mundial da saúde neste 7 de abril.
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