O que vem à sua memória quando falamos sobre a paisagem cultural do oeste catarinense? Quais são as suas peculiaridades? Como esses elementos que vivenciamos todos os dias integram quem somos? Fazendo essas perguntas a artesã Juliane Maria Fornari desenvolveu o Projeto Tramas e Fios da Memória. O resultado dessa pesquisa e criação chega ao público a partir desta quinta-feira, 22/08 e faz parte do calendário oficial de comemorações alusivas ao aniversário de Chapecó.
A erva-mate, o chimarrão e os encontros que vem dessa troca, o cenário cinematográfico cotidiano do pôr do sol chapecoense, as araucárias, o Rio Uruguai, a palha indígena, os pontos do crochê e bordado, passado de geração para geração. Observando os detalhes no dia a dia Juliane traçou um mosaico cultural regional que fala muito das suas vivências e dos moradores da região oeste do estado.
“Os hábitos da nossa cidade e da nossa região são muito específicos e pra mim, sempre trouxe um vínculo afetivo. O crochê e o bordado, a conversa que existe em uma roda de chimarrão. As paisagens belíssimas e grandiosas. Foi observando o entorno que surgiu a ideia de criar a partir do artesanato, que é minha área de atuação, um projeto que representa coletivamente as ligações, os vínculos com a nossa paisagem cultural”, explica Juliane.
Entre fios e fibras, tecidos distintos, madeiras e aviamentos, a partir de uma trama visual, a artesã resgata uma biografia coletiva, lembranças da infância, a valorização dos povos originários, os ofícios familiares de subsistência como a costura e a atividade madeireira.
O trabalho traz como base a arte indígena, através do trançado desenvolvido por Carolina e Maria de Carvalho, da Terra Indígena Xapecó, em Ipuaçu, com o objetivo de reforçar a valorização cultural das matrizes indígenas, dando destaque a esses materiais e ao trabalho do artesanato Kaingang. As tramas e os símbolos desenvolvidos ao longo da pesquisa, são fixados no trançado, trazendo integração entre os trabalhos, conectando-os com o fazer dos caboclos e dos colonos, com amplos significados. O resultado são quatro telas têxteis que retratam e representam os símbolos do oeste.
Para Juliane, a colaboração com outras mulheres no processo criativo, foi fundamental. Além das artesãs indígenas, o projeto contou com a crocheteira Gema Buchi, com os bordados da artista Jô Fornari, mentoria de Luiziania Hoerbe e texto crítico da artista visual Janaína Corá. “Esse contato com outras mulheres, que seguem em movimento criativo, o tempo delas dedicado à colaboração na criação das telas, foi fundamental para o amadurecimento do processo criativo, e sua finalização para chegar à comunidade”, enfatiza.
Tramas e Fios da Memória inicia seu circuito expositivo nesta quinta-feira, 22/08, no Restaurante Amosim Cozinha Saudável, com vernissage de abertura marcada para às 19h. As telas permanecem expostas no espaço até 05/09, com entrada gratuita. O projeto segue em outubro para a Unoesc, no Bairro Seminário, com visitação guiada para pessoas com deficiência visual.
Este Projeto foi contemplado pelo Edital Lei Paulo Gustavo, 2023, em Chapecó.
Serviço
Exposição Projeto Tramas e Fios da Memória
Período: 22/08 a 05/09
Vernissage: 19h
Local: Restaurante Amosim Cozinha Saudável, Av. Getúlio Vargas, 574s, Centro, Chapecó.
Créditos
Texto: Camila Almeida
Fotos: Arquivo/Divulgação
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