Redirecionado por Marlene Sátiro.
SC só perde para Goiás e Pará
Estado flagrou mais de 200 casos análogos a escravidão
Ponte Serrada – Santa Catarina é o terceiro Estado em número de trabalhadores libertados de trabalho em condições análogas a de escravidão em 2010. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, até 17 de setembro, foram libertados 228 trabalhadores no Estado. Somente Goiás, com 343, e Pará, com 338, tiveram número superior.
Um dos casos que mais chamou a atenção foi o de 12 trabalhadores que moravam num chiqueiro, em Ipumirim, Meio-Oeste catarinense. Eram panelas, roupas e alimentos no mesmo espaço de baias cheias de dejetos e até um cavalo. A situação foi flagrada em maio. Outros 15 trabalhadores foram libertados no início deste mês, em Xanxerê. Estes ainda não estão computados nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalhavam no corte de erva-mate e dormiam amontoados numa casa com cerca de 40 metros quadrados, com má ventilação. Tomavam banho em um rio, construíram um banheiro improvisado e canalizaram água de um córrego onde descobriram, dias depois, que havia uma vaca morta a menos de 50 metros do local. Além disso, não tinham equipamento de segurança nem assistência médica.
Sem opções, trabalhadores se submetem
Numa ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público Federal e Polícia Federal os trabalhadores foram retirados do local, indenizados e retornaram para suas casas, em Ponte Serrada. O proprietário foi autuado e teve de pagar indenização para os trabalhadores.
De acordo com a coordenadora do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, Luize Surkamp, a falta de escolaridade é um dos principais fatores deste tipo de submissão:
– Mais de 90% não têm a 5ª série.
Com isso, os trabalhadores não conseguem empregos melhores e acabam aceitando situações precárias. Tanto que nove pessoas que foram libertadas nos últimos dois anos são reincidentes. A maioria dos casos foi registrada em atividades de corte de erva-mate e reflorestamento. Luize acredita que o número de trabalhadores em condições análogas à de escravo é bem maior.
– No Sul não tem a cultura da denúncia – explicou.