Por Elaine Tavares.
A greve dos trabalhadores do Comper terminou ontem as três horas da tarde. Depois de uma reunião com a representação patronal, o sindicato conseguiu garantir importantes avanços no que diz respeito às reivindicações. Os trabalhadores amanheceram a quarta-feira de braços cruzados, exigindo aumento salarial e melhoria nas condições de trabalho. Com um salário de pouco mais de 800 reais, muitos deles trabalhavam mais de 10 horas e ainda sem a função regularizada na carteira.
Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários a repercussão da greve foi muito grande na cidade e os patrões decidiram negociar. Foi fechado um acordo que definiu o seguinte:
Alimentação – Os trabalhadores reivindicavam uma alimentação decente, visto que a empresa terceirizada que atende o supermercado enviava marmitas com comida velha, revirada, e às vezes, estragada. O Comper se comprometeu em fiscalizar a alimentação e se não melhorar, em 30 dias pode romper com o convênio.
Folgas – O supermercado se comprometeu de não burlar mais a escala de folgas e cumprir a lei de, a cada 15 dias, estabelecer uma folga ao trabalhador. Essa cláusula há muito não vinha sendo cumprida com alguns chegando a ficar mais de 30 dias sem folga.
Feriados – O supermercado abria nos feriados e, em vez de folga, levava para o banco de horas. Isso também não vai mais acontecer, segundo o acordo.
Anotação das funções – Muitos funcionários desempenhavam funções diversas, sem a devida anotação na carteira. Agora, o supermercado terá trinta dias para regularizar a situação.
Aumento salarial – Como os trabalhadores do comércio tem sua data-base em primeiro de outubro, estão em processo negocial. Ficou acordado que na reunião do dia 26 de setembro, a representação do Comper vai participar e ficar mais presente no processo.
Para Leal Martins Nobre, a mobilização dos trabalhadores deu uma grande lição na cidade. Quando a exploração é demais, as gentes se levantam. Mesmo arriscando o emprego, os trabalhadores sabiam que como estava não podia ficar. “Não chegamos a 100% das reivindicações, mas garantimos 80%. Foi vitorioso”. Segundo Leal, também houve o comprometimento do Comper em não retaliar os trabalhadores que participaram da mobilização.
Hoje de manhã, tão logo abriu o mercado, os clientes chegaram fazendo festa e parabenizando os trabalhadores. Havia sorrisos tímidos e um pouco assustados, mas uma clara satisfação por ter feito o que é preciso fazer para manter a dignidade.