Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Tive bons professores na Universidade, bons mesmo. Lembro de ficar fascinada nas aulas sobre comunicação comunitária. Tive professores que são profissionais excelentes. Que mostraram-me, pela primeira vez, o significado do “jornalismo de sangue”.
Tive bons professores e boas professoras, só alguns tenho como referência, aqueles e aquelas que fizeram a opção pelo jornalismo, não esse de sangue, mas que dedicam a sua vida ao jornalismo crítico, para pensar mesmo, para cumprir seu papel social.
Tive bons professores e professoras e alguns estão pertinho de mim ainda e ao mesmo tempo, parecem estar tão longe, bem longe. Ensinaram-me a escrever com a caneta sem tinta de sangue, mas na sua prática, servem ao lucro acima de todos. Disseram que eu precisava andar pelas vielas mas eles não o fazem.
Tive bons professores, alguns, já não tenho mais, nem considero, é como se eu nunca os tivesse visto, conversado e abraçado. Somos estranhos agora e sinto-me feliz por não estar do lado deles. Sua poltrona é de luxo, seus equipamentos de primeira linha, seu ambiente tem ar-condicionado e café de máquina, sua vestimenta é padronizada, suas conquistas são empreendedoras, mas sua vida pertence ao patrão, o dono, o que manda, o que define se pode ou não, o que paga menos mesmo trabalhando mais. Eu poderia dizer que sinto pena mas, não. Sua produção é para agiotagem. A sordidez de sua conduta me faz pensar que a justiça um dia será para o povo, e não haverá espaço para comercializar corpos em suas manchetes.
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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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