Tiradentes? E Lucas Dantas, Manuel Faustino, Luiz Gonzaga e João de Deus?

Uma matéria de 2013, que continua atual.

Domingo passado seria feriado, 21 de abril. A data celebra a Inconfidência Mineira. Todos se lembram de Tiradentes, líder deste movimento que defendia a independência do Brasil e, por isto, foi enforcado. O mártir da independência. Chegou a virar símbolo da resistência política e o lema do seu movimento hoje é a bandeira de um dos mais importantes estados da União, Minas Gerais. A representação social deste movimento é tão interessante que se buscou criar semelhanças entre Tiradentes e Jesus Cristo – a imagem desenhada de um e outro se assemelham, assim como a história da “traição” de Joaquim Silvério dos Reis lembra a de Judas. Há, assim, uma quase que “santificação” da figura de Tiradentes.tiradentes

na Revista Fórum

Agora, alguém se lembra ou sabe da INCONFIDÊNCIA BAIANA de 1798, movimento também chamado de Guerra dos Alfaiates, por conta da grande participação de negros e descendentes alfaiates, portanto um movimento de base popular e tinha como bandeira central, além da independência do Brasil, o fim da escravidão? Poucos se lembram, inclusive que o programa político dele era muito mais avançado que o do movimento mineiro. Principalmente que, enquanto a revolta mineira tinha origem em estratos médios e intelectuais, a baiana era de base popular e negra.

Os quatro líderes deste movimento foram enforcados em 8 de novembro de 1799 – Lucas Dantas (soldado), Manuel Faustino (aprendiz de alfaiate), Luiz Gonzaga das Virgens (soldado) e João de Deus (mestre alfaiate) – foram esquartejados e suas cabeças expostas ao público e as três gerações de familiares seguintes com a memória amaldiçoada publicamente. Antes da execução, os quatro jovens recusaram a extrema-unção do sacerdote católico por considerarem que a igreja não estava do lado deles.

conjuração baiana

Os quatro jovens, negros e, por isto, esquecidos pela história oficial do Brasil. Como muitos outros heróis e heroínas negros e negras, das periferias, que ainda hoje lutam por um país mais justo.

Fonte: Geledés.

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