Timbuktu: A capital do Império Mali que, no século XIV, foi a cidade mais rica do mundo.

Por Andressa Valente.

A cidade de Timbuktu está localizada no oeste africano, no Mali, a cerca de 20 km do rio Níger. Embora hoje Timbuktu não mostre a beleza que tinha em sua época áurea, essa cidade já chegou a ser uma das mais ricas do mundo. Timbuktu, em 1988, foi tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

No século XIV, os três lugares mais ricos do mundo eram Irã/Iraque, China e o Império Mali. Desses três, somente o Império Mali era independente. Nesse mesmo período, a cidade de Timbuktu tinha a população de 115 mil habitantes, o que é 5 vezes mais do que a de Londres medieval.

O homem mais rico do mundo, Mansa Musa, foi o imperador do império Mali, que no século XIV cobria o Mali, Senegal, Guiné e Gâmbia. Quando morreu, Musa valia o equivalente a 400 bilhões de dólares, valor esse que nunca foi superado na história da humanidade. Nessa época o império Mali produzia mais da metade do abastecimento mundial de ouro e sal.

Quando Musa foi em peregrinação a Meca, em 1324, ele levou tanto ouro que o valor daquele metal caiu por 10 anos na região. 60 mil pessoas o acompanharam nessa peregrinação.

Durante o reinado de Musa, a famosa biblioteca de Timbuktu foi fundada e os manuscritos que tratavam de todas as áreas do conhecimento foram escritos. De acordo com o professor Henry Louis Gates, haviam cerca de 25 mil estudantes universitários na cidade.

A universidade corânica de Sankoré foi, possivelmente, a primeira universidade do mundo, e pesquisadores acreditam que ela foi fundada no século XII. Djinguereber , Sidi Yahya e Sankore eram os três principais centros de aprendizagens e escritos medievais revelam a exploração européia no local

A universidade era composta por outras escolas ou faculdades independentes e cada uma contava com seu próprio mestre. Os estudantes seguiam um único professor e as aulas eram dadas em pátios abertos dentro das instalações da universidade ou em residências privadas. A venda e compra de livros chegou a ser um mercado ainda mais lucrativo do que o comércio de ouro local.

A universidade de Sankoré se organizava diferente das universidades europeias, nela não existiam administração central, registro de estudantes ou cursos prescritos para os estudos.

Ainda hoje, a universidade corânica de Sankoré, onde na época áurea do Império Mali passaram cerca de 50 mil sábios muçulmanos, funciona e conta com cerca de 15 mil universitários.

Em Timbuktu ainda existem cerca de 700.000 livros que sobreviveram aos ataques e ao tempo. Os escritos incluem medicina, matemática, direito, astronomia e poesia. Esta foi a primeira enciclopédia do mundo, existindo ainda no século XIV. Os europeus só teriam a mesma ideia 4 séculos depois, no século XVIII.

Michael Palin, na sua série de TV Sahara, disse que o Imam de Timbuktu:

Tem uma coleção de textos científicos que mostra claramente os planetas circulando em torno do Sol. Datam de centenas de anos . . . É prova convincente que os acadêmicos de Timbuktu sabiam mais que seus colegas europeus. No século 15 em Timbuktu os matemáticos conheciam a rotação dos planetas, detalhes do eclipse, coisas que tivemos de esperar 150 quase 200 anos para conhecer na Europa quando Galileu e Copérnico fizeram os mesmos cálculos e pagaram por isso.
A velha capital do Mali, capital de Niani possui um edifício do século 14 chamado Salão de Audiências. Sobreposto por uma cúpula e adornado de arabescos vivamente coloridos. As janelas do andar superior eram talhadas de madeira e emolduradas em prata; as do andar inferior eram talhadas de madeira e emolduradas em ouro.
Marinheiros do Mali chegaram às Américas em 1311, 181 anos antes de Colombo. O pesquisador egípcio Ibn Fadl Al-Umari, publicou o feito em cerca de 1342. No capitulo décimo do seu livro, existe um relato de duas grandes viagens marítimas ordenadas pelo predecessor de Mansa Musa, um rei que herdou o trono do Mali em 1312. Este rei marinheiro não é nomeado por Al-Umari, mas autores da atualidade identificam-no como Mansa Abubakari II.

Timbuktu é tida como uma “cidade estranha” por causa de seu ar misterioso. A cidade contém armadilhas, como machados gigantes. Mas também contém tecnologias de ponta do Mali, como imensas portas que, com o calor humano, se abrem.

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Fonte: Black Panther DNA.

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