Testemunhas e réu são ouvidos durante júri popular do presidente da UDR

O julgamento do presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Marcos Prochet, teve continuidade na tarde de segunda-feira (31). O ruralista é acusado de assassinar o trabalhador sem-terra Sebastião Camargo, em 1998. Após o réu e as testemunharam terem dado seus depoimentos na parte da manhã, o júri popular teve continuidade com a sustentação oral de advogados da defesa, promotoria, e assistentes de acusação. Provas e indícios foram apresentados aos sete jurados.

Em seu depoimento, o réu sustentou a versão de perseguição política pelo fato de ser o presidente da UDR, associação de proprietários rurais voltada à “defesa do direito de propriedade”. Segundo ele, a atuação da União Democrática Ruralista reduziu conforme diminuía a “invasão do MST nas fazendas da região”. Sua fala indica a real atuação da UDR, de perseguição ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, uma vez que outros interesses dos proprietários deixaram de ser defendidos nesse período.

Caso Sebastião Camargo

Júri ProchetIndícios mostram a relação do ruralista com o crime. Contrariando sua fala, Prochet, além de apoiar despejos forçados ao disponibilizar advogados particulares e da UDR para defender donos de fazenda que despejaram ocupações de forma ilegal, participava ativamente dos despejos forçados e é apontado em vários depoimentos como o autor do disparo que tirou a vida de Sebastião Camargo. Mais de 50 pessoas assistem o júri. Integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) pela Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil, Darci Frigo também acompanhou parte do julgamento.

Lembre o caso

O sem-terra Sebastião Camargo Filho foi assassinado no dia 7 de fevereiro de 1998, aos 65 anos, quando uma milícia privada ligada a ruralistas despejou ilegalmente famílias que estavam acampadas na Fazenda Boa Sorte, na cidade Marilena, noroeste do Paraná. O presidente da UDR à época do assassinato, Marcos Prochet, foi condenado a 15 anos e nove meses de prisão pelo assassinato de Sebastião Camargo, mas teve o julgamento anulado em 2014.

Em novembro de 2012 outras duas pessoas também foram condenadas por participação no assassinato de Sebastião Camargo: Teissin Tina, ex-proprietário da fazenda Boa Sorte, onde o agricultor foi morto, recebeu condenação de seis anos de prisão por homicídio simples; e Osnir Sanches foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa de segurança privada, utilizada para recrutar jagunços e executar despejos ilegais.

O Estado Brasileiro também sofreu sanções internacionais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização do Estados Americanos, por não ter dado garantias mínimas à vida de Sebastião Camargo Filho.

Fonte: MST.

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