Por Raul Fitipaldi, para Desacato.info.
Brasil em geral, e Florianópolis em particular, tem deixado de lado o 1º de Maio há mais de uma década. A Classe Trabalhadora, parte dela para sermos mais justos, sentiu-se contemplada com uma parte do processo democrático, a representativa, e se desvinculou da data comemorativa e aceitou com bastante passividade a burocratização e a via jurídica como ferramenta do que, historicamente, só se conquista pra valer nas ruas. No entanto, a conjuntura presente deverá trazer de novo o 1º de Maio como marco autêntico da união das reivindicações da massa trabalhadora e dos excluídos do sistema.
A aprovação da neoescravização do trabalhador brasileiro com um projeto de terceirização que abrange todas as atividades é o golpe mais duro que os interesses do capital nacional e estrangeiro, e a corrupta oligarquia nacional, têm dados aos trabalhadores. O Congresso Nacional é, na sua maioria, inimigo de classe. Prontamente, no início deste mandato, mostra as armas com as quais pretende escravizar a Nação. O faz presidida por um personagem que é resultado de outra negociação na qual o Partido dos Trabalhadores pode se chamar de derrotado só em termos. Muitas vezes temos dito que alianças desse naipe só podem trazer a traição de trabalhadores burocratizados no poder e totalmente desvinculados dos afazeres e condição de classe, e a trazem. As terceirizações são o resultado de um conjunto de entregas sucessivas, alianças repulsivas e é o pagamento maldito que o trabalhador brasileiro é obrigado a fazer em nome da governabilidade de um executivo nacional covarde e inconsequente.
Votar a perdedor, tendo criado nos últimos anos as condições sociopolíticas para que a direita mais escabrosa, retrógrada e ordinária tenha a maioria no Congresso, como hoje tem, é resultado da falta de caráter político dos acordos que se fazem de costas à Classe Trabalhadora que deu vida e razão de ser ao Partido dos Trabalhadores. É por esse motivo central que saímos da sigla em 2002, porque era impossível acreditar que uma aliança com o PMDB e, pior ainda, com o dono da Coteminas à época, pudesse resultar em alguma outra coisa que esta que ontem se consumou legislativamente. Vergonha e traição.
Neste 1º de Maio, os trabalhadores, os excluídos, mas também os setores à esquerda do PT, do PCdoB e de outros partidos do leque progressista precisam ocupar as ruas, enfrentar os burocratas palacianos, e começar a trabalhar numa grande unidade de Classe contra o monstro escravagista aprovado ontem e contra todas as maldades que prepara esse Congresso antipopular, amparado num poder executivo dócil e acovardado e numa justiça que só julga para sua classe rica, como a toda monarquia corresponde.
O 1º de Maio tem que ser de novo o dia de aglutinação, de consignas, de enfrentamento e de ocupar todas as grandes ruas e avenidas do Brasil contra estes projetos genocidas, impudicos, que tentam voltar o Brasil ao estado de escravidão, que, diga-se, milhares de brasileiros já passam sem que muito tenha mudado nos últimos 12 anos de governo desenvolvimentista.
A covardia do governo, a corrupta falange do Congresso, o judiciário monárquico, isso tudo tem que ser enfrentado no 1º de Maro, repondo a Classe Trabalhadora ao espaço das ruas, que é, onde os trabalhadores, historicamente, enfrentamos o capitalismo, o imperialismo e a escravidão, obtendo nessas ruas as maiores conquistas sociais e de classe, muitas das quais perdemos nestas décadas de neoliberalismo e desenvolvimentismo frustrante.
Vamos às ruas no 1º de Maio. Vamos com orgulho de classe. Com fervor e valentia. Temos que derrotar o Congresso e todas as outras instituições que nos açoitam e nos embarcam de novo numa Luta de Classes acirrada e que só pode acabar quando as classes deixem de existir com a vitória dos que produzem a riqueza. Que venha o 1º de Maio então: às vezes as conjunturas servem para que recuperemos autoestima e valores que não deveríamos ter perdido jamais.
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