Terceira intifada palestina no horizonte

Por Mel Frykberg.

(Português de Portugal).

Batalhões da União Nacional, um grupo que reúne partidários de todo o espectro político palestiniano, convocou uma terceira intifada (levantamento popular) contra a ocupação. Ao mesmo tempo a espionagem israelita alerta que estão dadas as condições para isso na Cisjordânia após a morte de Mohammad Salayma, de 17 anos, às mãos de um guarda sionista.

Os dois pronunciamentos ocorrem após uma série de protestos e confrontos entre soldados de Israel e jovens palestinianos em diferentes localidades da Cisjordânia no final da semana passada.

As exigências do grupo incluem a eliminação dos postos de controle na Cisjordânia, a libertação de todos os presos palestinos das prisões de Israel, a retirada deste país dos territórios que ocupa e a transferência para a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) da arrecadação de impostos, confiscada pelo Estado judeu desde que melhorou o seu status na ONU. Também reclamam a abertura de todas as passagens fronteiriças e o fornecimento de água e eletricidade à assediada Faixa de Gaza.

A declaração foi difundida no dia 14, um dia após a morte de Salayma, sobre a qual soldados israelitas alegaram que foram ameaçados com uma arma de plástico. Contudo, a família do jovem deu à IPS uma outra versão para o caso. “Duvido que Mohammad tivesse uma arma de plástico. Creio que os israelitas a colocaram depois do disparo”, denunciou à IPS o tio do rapaz, um polícia da ANP. Ele acrescentou que “era o aniversário de Salayma, que saiu para comprar um bolo para comemorar. Para ir à loja tinha que passar por um posto de controle militar, na ida e na volta. Se tivesse a réplica de uma arma, a máquina de raio X tê-la-ia detetado”.[…]

Nasim Salayma, de 22 anos, primo da vítima, afirmou que “era um estudante feliz e inteligente, e representou a equipa Palestina de luta na França. Voltava para casa com o bolo e somos obrigados a acreditar, de repente, que tentou impor-se a um grupo de soldados treinados e fortemente armados? Ele não era estúpido”.

Organizações internacionais defensoras dos direitos humanos, bem como palestinianas e israelitas, registaram ao longo dos anos numerosos casos de palestinianos assassinados por soldados israelitas em circunstâncias extremamente controversas. Do que não resta dúvida é que este último assassinato gerou um profundo mal-estar. Centenas de jovens saíram às ruas de Hebron no dia 13 para expressar o seu descontentamento contra os soldados israelitas, atirando pedras e queimando pneus.

Dezenas deles ficaram feridos, alguns gravemente, atingidos por munições reais e gás lacrimogéneo. Os protestos espalharam-se a outros povoados e outras cidades da Cisjordânia. A IPS testemunhou confrontos em Hebron no dia seguinte, durante uma manifestação de partidários do Hamas que comemoravam o 25º aniversário da criação desse movimento. […]

Outro elemento que pode contribuir para nova insurreição popular é o possível colapso ou a dissolução da ANP pelo facto de o Estado judeu confiscar mais de 1 milhão de dólares de impostos dos palestinianos.

A ANP é a fonte de rendimento de várias centenas de famílias palestinianas, o que faz numerosos especialistas preverem que um desemprego em massa se seguirá à dissolução desta entidade e deixará os palestinos numa situação desesperante. A indignação dos palestinianos aumentou com o recrudescimento de ataques de colonos israelitas e a contínua expropriação das suas terras. Além disso, depois do reconhecimento internacional que significou a melhora de status dentro ONU, cresceu o sonho de um Estado próprio.

Enquanto isso, a Shin Bet, a agência de espionagem interna, observou que o mal estar generalizado nos territórios ocupados pode fomentar o desenvolvimento de um tipo de infraestrutura capaz de incentivar uma terceira intifada, segundo a imprensa israelita.

Foto: Planeta Sedna

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.