Terceira guerra? Por Viegas Fernandes da Costa.

Foto: Pixabay

Por Viegas Fernandes da Costa.

A História fala de uma Segunda Guerra Mundial porque a entende como uma continuação da Primeira, o que de fato ela foi. Assim, uma Terceira Guerra seria a continuidade da Segunda, algo que nunca aconteceu, salvo se considerarmos a Guerra Fria como sendo esta continuidade. Por isso, não faz muito sentido falarmos de Terceira Guerra, o que não significa que o mundo, obviamente, não corra o risco de se envolver em um conflito total e generalizado geograficamente. Ocorre, porém, que os senhores da guerra gostam de guerras, desde que possam mantê-las sob controle. Uma guerra total e generalizada não é algo que se possa manter sob controle, e por isso será evitada pelos senhores da guerra. No mais, é importante lembrar que os atentados de 2001 já nos mostraram que as guerras nesta distopia líquida em que vivemos podem se generalizar de maneiras não convencionais, e que aqueles atentados já servem como marco para as relações geopolíticas deste século XXI.

Leia mais: Embaixada da Ucrânia no Irã volta atrás e nega falha de motor como causa de queda de avião

Diante dos ataques envolvendo os Estados Unidos e o Irã, as redes sociais e a imprensa pautaram novamente a Terceira Guerra. Desde a década de 1980 o Ocidente pinta o Irã como uma nação liderada por loucos. Aprendemos a ter medo do Irã mesmo que este país nunca tenha feito qualquer ataque militar convencional fora das suas fronteiras nacionais depois de encerrada a guerra contra o Iraque. O Irã nunca produziu guerras preventivas, conceito convencionado por Bush Filho ao atacar o Afeganistão e o Iraque após os atentados de 2001. O Irã nunca jogou bombas nucleares sobre alvos civis, como o fez os EUA em 1945 no Japão. Neste sentido, é mais fácil confiarmos na nação persa do que nos títeres da Casa Branca para afastarmos a possibilidade de uma guerra total e generalizada geograficamente. Não haverá uma Terceira Guerra, porque a Segunda não deixou herdeiros, mas sempre existe o receio de um conflito que poderia ser muito pior do que aqueles que marcaram a primeira metade do século XX, justamente porque se valeria de estratégias não convencionais. A depender dos senhores da guerra e do próprio Irã, não corremos este risco. O que preocupa, entretanto, é saber que o presidente dos Estados Unidos é Donald Trump e que a soberba e autoconfiança do nacionalismo estadunidense podem levar ao erro de cálculo.

* Viegas Fernandes da Costa é Historiador e Professor do Instituto Federal de Santa Catarina.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.