‘Teoria Queer’ é apresentada por professora estadunidense na UFSC

© Pipo Quint / Agecom / UFSC
Professora da Universidade de Minnesota, Julie Tilsen

Por Gisele Flôres

A ideia de que não existem os gêneros, mas sim que eles fazem parte de uma regra pré-estabelecida na sociedade, foi o centro da discussão apresentada pela professora de Psicologia Social, Julie Tilsen, da Universidade de Minnesota, EUA. A palestra “Teoria Queer: identidade e saúde” é parte do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e foi realizada no auditório do Centro de Ciências da Saúde (CCS) na tarde desta segunda-feira, 18 de maio.

O evento foi organizado pelo professor de Saúde Pública e coordenador do PPGSC, Rodrigo Otávio Moretti-Pires, e traduzido pelo professor de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM), Murilo Moscheta. Rodrigo afirma que “esta é uma discussão muito importante em um curso que forma profissionais da Saúde”, e representa um marco em sua história do programa. A professora Julie trouxe uma visão que relaciona, então, a Teoria Queer com a Saúde Pública, e convida todos a pensar que a questão de gênero deve ser desconstruída para que as pessoas possam ser tratadas com igualdade. Para Julie, “tem sido uma prática constante de repensar minhas próprias atitudes com relação a essas pessoas, sem tratá-las como diferentes só por não se sentirem dentro das normas”.

Rodrigo e Murilo trouxeram a palestrante para sua primeira visita ao Brasil por meio do Instituto Taos, onde a conheceram. Rodrigo conta que a Teoria Queer não é muito discutida no Brasil, mas que “em nível internacional é amplamente aceita e trabalhada”.  O professor explica que a TeoriaQueer surgiu nas Ciências Sociais, a partir de estudos feministas sobre gênero. “Partimos da ideia de que não há dicotomia de gêneros, que isso não passa de atitudes performáticas dentro da sociedade em que vivemos.”  A teoria é muito usada como bandeira LGBT, pois traz muitos princípios de respeito e reconhecimento de identidades e sexualidade. “Nossa maior batalha é transformar a alteridade dos gêneros em algo compreensível a todos, e que ninguém tenha que se encaixar, contra sua vontade, em algum conceito pré-definido”, afirma.

A palavra Queer se originou nos Estados Unidos, com o sentido de “algo ou alguém excêntrico ou exótico”, e, com o tempo, foi ganhando um significado malicioso e pejorativo a ser usado para se referir a pessoas homossexuais. Ao longo dos anos, o termo passou a ser exclusivamente utilizado neste sentido, porém não mais com tom preconceituoso. Julie conta que os transexuais são, de forma geral, as pessoas que mais sofrem com os olhares atravessados. “Apesar de ter um termo específico para eles, os transexuais são os primeiros a ser segregados”, lamenta.

Imagem: Pipo Quint – Agecom/UFSC

Fonte: Agecom/UFSC

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