Por Patrícia Faermann.
Na reta final para a saída de Rodrigo Janot da Procuradoria-Geral da República, o presidente Michel Temer pretende enterrar junto com o mandato do procurador a credibilidade de suas investigações, ressaltando nesta última semana os erros e polêmicas da Operação Lava Jato e do acordo de delação premiada de executivos da JBS.
Nessa linha, a primeira estratégia é de se autodefender antes mesmo da remessa de uma segunda denúncia pela PGR à Câmara dos Deputados. Para isso, Temer pretende fazer um pronunciamento político, subindo o tom de críticas a Janot.
Em segundo plano, no meio jurídico, Temer seguirá atuando para derrubar a delação, tanto da JBS, quanto de Lúcio Funaro, por meio de possíveis irregularidades detectadas na coleta desses indícios, alegando uma suposta falta de amplo direito de defesa pela omissão de acusações que só apareceram depois, e por possíveis medidas de Janot e/ou auxiliares dentro do MPF que teriam incitado o fechamento do acordo, com ainda possíveis benefícios a procuradores, além dos próprios delatores.
E, em terceiro lance, Temer deverá insistir na tese da imagem negativa de Rodrigo Janot por meio público, com a influência de críticas ao PGR na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, trazendo nomes como o do procurador Ângelo Villela e de outros críticos a Janot, com o objetivo de desqualificar as acusações.
O avanço da Comissão ocorreria paralelamente às sessões de análise da Câmara dos Deputados à sgeunda denúncia enviada pelo procurador-geral da República, conectando as críticas e decisões de engavetamento da denúncia por parlamentares aos argumentos debatidos na CPMI.
Mas já para esta semana, quando é esperado o envio da segunda denúncia por obstrução à Justiça e organização criminosa, uma vez que o mandato de Janot se encerra nesta semana, sendo substituído pela nova procuradora-geral Raquel Dogde na próxima segunda-feira (18), Michel Temer prepara um pronunciamento de autodefesa.
O texto já está sendo preparado para que o discurso de Temer seja veiculado imediatamente após a peça de acusação da Procuradoria ser apresentada, o que se espera que ocorra entre hoje e amanhã (15), uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou nesta quarta que Janot não é parcial ou suspeito para investigar e denunciar Michel Temer.
O discurso político de Temer em mídia aberta deve seguir a linha já anteriormente divulgada de críticas a Rodrigo Janot, as alegações da própria defesa de que o procurador e a força-tarefa da Operação Lava Jato querem condená-lo, e as últimas polêmicas associadas a possíveis irregularidades existentes no fechamento do acordo de delações com executivos da JBS. Além disso, Temer deverá afirmar que o delator Lúcio Funaro mente e não merece credibilidade.
Fonte: Jornal GGN