O presidente Michel Temer (MDB) afirmou estar sendo alvo de “vazamentos irresponsáveis” com “mentiras” contra sua honra. O emedebista classificou o inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), do qual ele é um dos investigados, como uma “perseguição criminosa, disfarçada de investigação”.
“Não se tratam de mentiras assacadas contra a minha posição funcional. É contra a minha honra. E pior ainda, mentiras que atingem minha família e meu filho que hoje tem 9 anos de idade”, disse Temer em coletiva de imprensa convocada por ele, nesta sexta-feira (27), para rebater vazamentos da investigação revelados em matéria do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com o jornal, a Polícia Federal suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina no pagamento de reformas em casas de familiares e dissimulado transações imobiliárias em nome de terceiros, na tentativa de ocultar bens. O presidente se queixou que desde o início das investigações não foi procurado para apresentar os documentos que provam a posse legal dos imóveis.
“Até hoje não me pediram. Como afirmam que são de origem ilícita? Eles têm esses documentos em mãos? Não têm. E não pedem”, ressaltou.
“Só um irresponsável, mal-intencionado ousaria tentar me incriminar, a minha família, minha filha, meu filho de 9 anos de idade, como lavadores de dinheiro. Dizer que lavei dinheiro numa casa alugada, dizer que gastei R$ 2 milhões, a insinuação até que se trata de uma reforma de uma casa alugada e em uma outra casa. Em que mundo é que estamos? Eu digo aos senhores, a vocês, que é incrível, é revoltante, é um disparate”, disse à imprensa.
Temer disse ainda que vai pedir ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que apure como se dão os vazamentos sobre os detalhes do inquérito. Ele reclamou ainda que sempre que sua defesa pede acesso ao inquérito, o acesso é negado sob o argumento de que as diligências estão sendo feitas e que as investigações ocorrem em sigilo. “Alguém naturalmente vaza esses dados irresponsáveis”, ressaltou.
As investigações apontam que o presidente recebeu, por meio do coronel João Baptista de Lima Fillho, ao menos R$ 2 milhões de propina em 2014. Segundo a Folha, naquele ano, quando Temer foi reeleito vice-presidente, duas reformas foram feitas, em valores semelhantes, em propriedades de familiares do emedebista, da filha Maristela Temer e da sogra, Norma Tedeschi.
Um dos fornecedores da reforma de Maristela afirmou ter recebido em dinheiro vivo pagamentos pelos produtos, todos das mãos de Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima. O dinheiro das obras saiu, segundo investigadores, da JBS e de uma empresa contratada pela Engevix. Executivos da JBS afirmaram em delação que repassaram R$ 1 milhão a Temer, com intermediação do coronel, em setembro de 2014.
Ontem (quinta-feira, 26), a PF pediu ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga entre outras pessoas o presidente Michel Temer, mais tempo para concluir a análise dos extratos bancários do presidente, cujo sigilo foi quebrado no mês passado com autorização do relator. A filha de Temer, Maristela Temer, será ouvida no próximo dia 2 sobre a origem do dinheiro usado na reforma da casa dela. De acordo com Temer, o pedido de prorrogação é uma tentativa de “deixar o presidente da República em uma situação de incômodo institucional”.