O Teatro do Incêndio promove nos dias 8 e 15 de junho (sextas-feiras, às 20h), os dois últimos encontros sobre cultura popular da programação das Rodas de Conversa – A Gente Submersa. Os eventos têm entrada franca.
No dia 8, o bate-papo é com o Samba de Bumbo do Cururuquara, formado por descendentes de escravos que habitavam o bairro Cururuquara, em Santana de Parnaíba. E fechando o projeto, no dia 15, o Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande, composto só por homens, mostra como se dança essa modalidade usando tamanco de madeira, especial para produzir uma contagiante sonoridade.
As Rodas de Conversa – A Gente Submersa vem reunindo, desde março de 2017, mestres da cultura popular e comunidades tradicionais, principalmente do estado de São Paulo, em bate-papos que são seguidos por vivências (breves apresentações dos grupos convidados).
Rodas de Conversa – A Gente Submersa
O projeto A Gente Submersa foi contemplado pela 29ª edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, em comemoração aos 21 anos da Cia. Teatro do Incêndio. A programação das Rodas de Conversa – que teve início em 2018 – prima pela diversidade saberes e fazeres tradicionais. São vivências com temas ligados à dança, música, religiosidade, dialeto e culinária. O projeto quer mostrar que as raízes da cultura brasileira se manifestam em grupos que resistem e mantém viva a nossa história.
Em parceria com a Comissão Paulista de Folclore, que ao longo de 67 anos vem mapeando, fomentando e salvaguardando as manifestações culturais tradicionais e os patrimônios culturais imateriais, o Teatro do Incêndio torna-se o terreiro, o quintal para esses encontros de artistas, públicos e griôs. Esta iniciativa vem de encontro à verticalização da busca de raízes brasileiras pelo Teatro do Incêndio que apontou caminhos necessários de aprimoramento e investigação, ações vitais para o presente do coletivo. Esses encontros com a cultura popular fazem parte da pesquisa para montagem dos espetáculos Rebelião – O Coro de Todos os Santos (que estreou em janeiro de 2018) e A Rainha Enterrada (nome provisório, que estreia em agosto deste ano).
8 de junho – Samba de Bumbo do Cururuquara
Tema: Samba de Bumbo
O grupo de Samba de Bumbo do Cururuquara é formado pelos descendentes de escravos que habitavam o bairro Cururuquara, localizado a 15 quilômetros do centro de Santana de Parnaíba (SP). De acordo com estudiosos dessa cultura, o samba de bumbo ou samba rural paulista nasceu nas fazendas cafeeiras do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista e foi levado para Santana de Parnaíba, que fica a 35 km da capital paulista, pelos negros que migraram para essa região. Em Santana de Parnaíba, a notícia mais longínqua que se tem do samba de bumbo é, de acordo com a memória oral, a festa realizada para comemorar a abolição da escravidão, em 1888. Nesta ocasião, os negros reuniram-se na Capela de Santa Cruz, no bairro do Cururuquara, atual capela menor de São Benedito, e ali ficaram por quatro dias tocando o samba de bumbo, comemorando a liberdade e uma doação de terras que receberam de um fazendeiro. Na mesma ocasião, os libertos plantaram oito palmeiras, das quais quatro ainda se encontram no local, dando-lhe o nome de Largo das Palmeiras. Esta festa acontece anualmente no bairro. Há alguns anos, esses descendentes perderam suas terras e foram obrigados a deixar o bairro, mas todo ano voltam à Capela dos Escravos para louvar a São Benedito comemorando a libertação.
25 de maio – Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande
Tema: Fandango de Tamanco
Existem vários tipos de fandangos: de chinela, tropeiro, catira e cateretê, entre outros. O Fandango de Tamanco é uma importante tradição existente no Brasil, cuja dança é executada usando tamancos de madeira, especialmente para emitir uma rica e contagiante sonoridade. O termo fandango designa uma série de danças populares. No encerramento de mutirões, em festas e outras ocasiões em todo o Brasil, executam-se as mais variadas danças. Essa modalidade – de tamanco – é dançada só por homens, com seus sapateados e palmeados. É a versão masculina do fandango. Sem os bailados, entremeando os fortes sapateados e palmeados com os queromanas, as modas relatam aspectos da vida rural, com possibilidades para improvisos. O acompanhamento se dá com pé-de-bode (sanfona de oito baixos) e/ou violas.
Serviço
Rodas de Conversa / Vivência: A Gente Submersa
Horários: Sextas-feiras, às 20 horas
8 de junho – Samba de Bumbo do Cururuquara
15 de junho – Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande
Local: Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 – Bela Vista/SP. Tel: (11) 2609 3730 / 2609 8561
Entrada franca (não há necessidade de retirar ingresso).
Duração: 2h. Capacidade: 90 lugares.
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