Apesar das críticas, estreia nesta sexta-feira (20/04) na cidade de Constança, no sul da Alemanha, uma peça satírica sobre a juventude de Adolf Hitler, intitulada Minha luta (Mein Kampf) – mesmo nome do controverso livro escrito pelo ditador nazista nos anos 1920.
O espetáculo, escrito pelo húngaro George Tabori, morto em 2007, esteve no centro de uma polêmica nesta semana, depois que o teatro prometeu oferecer entrada gratuita aos espectadores que concordassem em vestir uma braçadeira com uma suástica nazista ao longo da apresentação.
Aqueles que preferirem pagar pelo ingresso serão convidados a usar uma Estrela de Davi, símbolo judaico, “como um sinal de solidariedade às vítimas da tirania do nacional-socialismo”, afirma o teatro municipal de Constança em sua página na internet.
Ambos os símbolos serão entregues ao público na entrada do auditório, antes do início do espetáculo, e devem ser devolvidos na saída.
A promotoria alemã informou ter recebido uma série de queixas contra a peça, que estreia na data em que Hitler faria aniversário, 20 de abril. Em carta aberta, a Sociedade Alemã-Israelense da região pediu um boicote ao espetáculo, tachando a atitude do teatro como de mau gosto.
O teatro se defendeu afirmando se tratar de um experimento social. Segundo uma porta-voz, a intenção dos produtores ao oferecer ingresso gratuito em troca do uso da suástica é mostrar como as pessoas podem ser facilmente corrompidas.
Em entrevista à emissora SWR, a diretoria do teatro municipal afirmou que o número de espectadores dispostos a trajar o símbolo nazista foi surpreendente e assustador.
Apesar das críticas, a promotoria decidiu nesta quarta-feira que não abriria uma investigação criminal contra o teatro, alegando que a ideia é aceitável no que diz respeito à liberdade artística.
Segundo a lei alemã, a exibição pública de suásticas e outros símbolos nazistas é ilegal no país, a menos que seja feita como parte de uma apresentação artística coberta por garantias constitucionais de liberdade de expressão.
O teatro de Constança descreveu a peça de Tabori, baseada na autobiografia de Hitler e dirigida agora por Serdar Somuncu, como uma caricatura do líder nazista durante sua juventude.
A obra mostra “que nós não estamos livres de ideologias que, concentradas em uma única personalidade, podem se transformar em horrores históricos mesmo nos dias de hoje”, afirma o teatro.