Te abracei, apertei tuas mãos, enquanto a polícia passava. Por Claudia Weinman.

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

Te abracei, meu bem, no muro de casa.

Te abracei enquanto a polícia passava. Apertei tuas mãos.

Não vi mas tu me relatou. Pensei por um momento o quanto é injusta a dor.

Te abracei, meu bem, mais forte. Senti um olhar de estupro, de horror, vindo de fora.

Invadiram o nosso abraço, pensei: onde está a brecha que deixei? Por onde entraram com esse olhar? Que arma é essa que dói sem atirar?

Me abraça mais forte. Tenho medo que interrompam a gente.

O presidente disse que podiam.

Vamos entrar.

_

Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).

 

 

A opinião do autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

#Desacato13Anos #SomandoVozes

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.