Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Te abracei, meu bem, no muro de casa.
Te abracei enquanto a polícia passava. Apertei tuas mãos.
Não vi mas tu me relatou. Pensei por um momento o quanto é injusta a dor.
Te abracei, meu bem, mais forte. Senti um olhar de estupro, de horror, vindo de fora.
Invadiram o nosso abraço, pensei: onde está a brecha que deixei? Por onde entraram com esse olhar? Que arma é essa que dói sem atirar?
Me abraça mais forte. Tenho medo que interrompam a gente.
O presidente disse que podiam.
Vamos entrar.
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Claudia Weinman é jornalista, vice-presidenta da Cooperativa Comunicacional Sul. Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e Pastoral da Juventude Rural (PJR).
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