Tchau, Caloi!

 Por Gabriela Borges.

Hoje a Argentina perdeu um de seus principais cartunistas, Carlos Loiseau, o Caloi. Quem lê os jornais argentinos todos os dias, principalmente a página de tirinhas, conhece Clemente, seu personagem mais famoso. Uma mistura de ave e abelha, por seu corpo amarelo com listrinhas pretas, Clemente surgiu em 1973 e, desde então, é publicado na última página do jornal Clarín.

Como bom portenho, o pássaro/abelha faz psicanálise, é torcedor do Boca Juniors, fala política e tango – sempre com um tom de ironia e muito humor. Já teve várias mulheres, como a Mulatona, que adora dançar, usa vestidos decotados e pinta os lábios de vermelho. Seu filho, Jacinto, usa chupeta e conversa com o pai sobre o que acontece no país. E esses são só alguns dos personagens que fazem parte do universo de Clemente.

A cada Copa do Mundo, lá estava ele. No Mundial de 2010, por exemplo, na televisão argentina passava uma divertida propaganda em que Clemente era o líder da torcida branco e celeste, sempre discutindo com os torcedores de países como, é claro, o Brasil.

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Assim como Malfalda, de Quino, e Inodoro Pereyra, de Fontanarrosa, Clemente se transformou em parte da cultura argentina. Em 2004, o personagem foi nomeado patrimônio cultural de Buenos Aires e, cinco anos depois, cidadão ilustre da cidade. Já teve selo postal em sua homenagem, batizou a biblioteca de uma escola e ganhou até estátua em sua homenagem em uma cidade da Grande Buenos Aires.

Nascido em Salta, no norte do país, e desenhista desde os 18 anos, Caloi deixou sua marca na historieta argentina. Desde 1966, seus trabalhos puderam ser lidos nas mais importantes revistas do país em seções de humor e política, além serem publicados também no Uruguai, no Brasil, na Espanha, nos Estados Unidos, na Alemanha, entre outros países. Caloi foi responsável pela criação do leão símbolo do Club Atlético River Plate.

Na TV, dirigiu programas do personagem Clemente, na década de 1980, e apresentou “Caloi en su tinta”, sobre curtas-metragens de animação, história em quadrinhos, ilustração e humor. Na semana passada, estreou no cinema o longa-metragem “Anima Buenos Aires”, dirigido por sua esposa, María Verónica Ramírez. Seu filho, Juan Matías, o Tute (www.tutehumor.com.ar), vai pelo mesmo caminho do pai e é considerado um dos cartunistas mais importantes de sua geração.

Caloi tinha 63 anos e faleceu vítima de uma “grave doença”, como sua família preferiu divulgar.

Fonte: http://narrativasargentinas.wordpress.com

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