Taxa de mortes violentas na Amazônia Legal é 54% superior ao resto do país

O índice na região amazônica cresceu significativamente ao longo da última década

No Brasil inteiro, no ano passado, foram registradas 47.508 mortes violentas intencionais
No Brasil inteiro, no ano passado, foram registradas 47.508 mortes violentas intencionais – Reprodução

Redação, Brasil de Fato.

A taxa de mortes violentas intencionais nos municípios da Amazônia legal é de 33,8%, enquanto nos demais municípios o índice é igual a 21,9%. Os dados são do 17º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quinta-feira (20).

Trata-se do maior percentual do país, embora a região seja responsável por apenas 13,6% da população brasileira, de acordo com o Censo 2022. A diferença entre a taxa da Amazônia legal e dos demais municípios representa uma margem de aproximadamente 54%.

O índice de mortes violentas na região amazônica cresceu significativamente ao longo da última década. Em 2012, as mortes violentas nessa região representavam 15,6% do total nacional.

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Paralelamente, outras regiões do Brasil tiveram um movimento inverso. O Sudeste, por exemplo, respondia por 30% das mortes violentas intencionais do país em 2012. Após 10 anos, essa taxa caiu para 25,1%. O Centro-Oeste, apesar de abrigar um estado da Amazônia Legal, o Mato Grosso, também apresentou uma redução significativa, passando de 9,3% para 7,7% no mesmo período.

No Brasil inteiro, no ano passado, foram registradas 47.508 mortes violentas intencionais – o termo agrega as vítimas de homicídio doloso, incluindo feminicídios e policiais assassinados, roubos seguidos de morte, lesão corporal seguida de morte e as mortes decorrentes de intervenções policiais. Relativamente, o número representa 23,4 mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes. Ainda que o número absoluto represente um recuo de 2,4% em relação ao ano de 2021, o FBSP destaca que as taxas são expressivamente elevadas.

Nas regiões Sul e Centro-Oeste, as taxas aumentaram 3,4% e 0,8% entre 2021 e 2022, respectivamente. No Sudeste e Norte, houve uma redução de 2% e 2,7%, também respectivamente. A região Nordeste foi a que teve maior redução, de 4,5% de queda, o que significa 889 vidas poupadas.

Na escala dos estados, Amapá foi o mais violento, com 50,6 mortes violentas por 100 mil habitantes, mais do que o dobro da média nacional. Na sequência, aparece a Bahia com 47,1 por 100 mil. Na terceira posição, está o Amazonas, com taxa de 38,8 por 100 mil. Os estados com menores taxas foram São Paulo, com 8,4 mortes por 100 mil habitantes, Santa Catarina, com 9,1 por 100 mil, e o Distrito Federal, com taxa de 11,3.

O aumento das taxas em determinados estados está relacionado, de acordo com o fórum, com o racha entre as organizações criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.

Tanto o PCC como o CV têm suas raízes no Sudeste, mas durante os anos 2000 ampliaram suas influências para além dessa região, estabelecendo colaborações com organizações criminosas locais, que também estavam envolvidas no tráfico de drogas. O PCC, em particular, intensificou essa expansão entre 2012 e 2018, realizando aproximadamente 18 mil novas adesões durante esse período, a maioria delas fora do Sudeste.

Edição: Leandro Melito

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