Anunciado nesta quinta-feira (25) por Jair Bolsonaro como novo ministro da Educação, o economista Carlos Alberto Decotelli já teve uma licitação bilionária suspensa pela Controladoria-Geral da União (CGU) por suspeita de fraude quando ele era presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Publicado em 21 de agosto do ano passado, o edital de R$ 3 bilhões previa a compra de computadores, notebooks, projetores e lousas digitais para alunos das redes públicas de ensino estaduais e municipais, mas o relatório da CGU apontou que a licitação incluía uma quantidade muito maior de equipamentos do que aquela que seria necessária.
Para se ter uma ideia, seriam adquiridos para uma escola de Itabirito, em Minas Gerais, 30.030 laptops, sendo que a unidade possui 255 alunos. Isso pressupõe que seriam adquiridos 117,76 laptops por estudante.
Uma semana após a publicação do edital, Decotelli deixou a presidência do FNDE, e a assessoria de imprensa do órgão informou que a licitação foi suspensa pelo sucessor de Decotelli, Rodrigo Dias.
Militar e financista
Decotelli esteve nos bastidores do governo desde o período da transição por indicação dos militares e comandou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) entre fevereiro e agosto de 2019. Bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, Decotelli é financista e foi criador de cursos de MBA, Gestão Financeira Corporativa e Finanças Corporativas.
Oficial da reserva da Marinha, o novo ministro representa mais um avanço dos militares sobre pastas chave do governo. Desde o início do mandato de Bolsonaro, a farda tomou conta da Casa Civil (Walter Braga Netto), da Saúde (Eduardo Pazuello) e agora da Educação, além das pastas já dominadas pelos militares. No total, são 11.
Levantamento realizado pelo Metrópoles em agosto do ano passado mostra que entre 5 de fevereiro e 24 de agosto, Decotelli fez uma viagem a cada quatro dias em que esteve no comando do FNDE – 38 dos 169 dias. Segundo o Portal da Transparência, o governo federal desembolsou R$ 67 mil com os deslocamentos.