Sugestão do dia: Farenheit 451

Por Lorreine Iria Laube.

Filme de 1966 dirigido por François Truffaut, baseado no livro de mesmo nome, cujo autor é Ray Bradbury, Farenheit 451 refere-se à temperatura sob a qual os livros se incendeiam.

O tema do filme não é somente interessante, é visionário. Esta obra tem uma fotografia sofisticada, de encher os olhos.

As pessoas viviam um regime totalitário, numa época em que os bombeiros não apagavam fogo, mas sim, ateavam fogo em livros ou qualquer forma de escrita. Entravam nas casas das pessoas suspeitas e vasculhavam tudo a procura de livros sob a justificativa de que os livros traziam tristeza, eram tolos, de nenhuma valia. Os livros de filosofia tornavam as pessoas arrogantes, superiores aos outros que não liam, os romances traziam sentimentos profundos à tona, como tristeza, piedade, compaixão. Já os de arte eram bobos, para que arte?

Parece ficção, entretanto, sabemos que é uma metáfora para tempos difíceis no mundo, tempos de repressão política forte. Uma população sem senso crítico é facilmente dominada, nunca se rebelará.

Não posso imaginar-me criminosa pelo simples fato de ter livros em casa.

A mulher de Montag, o protagonista da história, como ele próprio afirma no filme, não vivia, apenas matava o tempo. Sempre que Montag chegava a sua casa, lá estava ela vidrada na televisão, só ou com amigas, também hipnotizadas pela tela de plasma, fininha. Sem falar na quantidade de estimulantes que ela ingeria para fornecer energia a sua dormente vida. Sim, o autor do livro inspirador do filme já previa a revolução tecnológica e o uso cotidiano de substâncias calmantes, moderadoras de humor, estimulantes.

Os cidadãos daquela sociedade costumavam, incentivados pelo regime, delatar uns aos outros, utilizando um sistema criado pelo próprio regime, que consistia em colocar a foto do acusado numa espécie de caixa de correio. Hoje em cidades como São Paulo, podemos enviar mensagens de texto para dedurar pessoas pedindo esmola no metrô, por exemplo.

Aqueles que não se submetiam às regras impostas tiveram uma ideia brilhante: decorar livros inteiros, transformaram-se em pessoas-livros. Assim não bateram de frente contra aquelas regras e sim encontraram uma solução criativa de tornarem-se imunes a elas. Não possuindo livros, não poderiam ser capturadas.

Há aqueles que pensam, assim como eu, que, para mudar situações repressoras, de subordinação, existe uma saída sem violência, não confrontativa, e sim uma saída em busca do que se pretende atingir e não a de tentar derrubar o que não se quer.

Para finalizar, segue a sugestão: seja criativo, duvide sempre, vá fundo naquilo que te interessa, não adormeça no sofá, abra os olhos! Qual livro você seria?

2 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns a Lô por uma iniciativa que será muito importante na vida da Cooperativa, e também, pelo início da sua atividade como criadora da agenda de cinema, que certamente, logo, logo, será compartida além da cooperativa, com nossos leitores de Florianópolis em algum cantinho da cidade. Também quero parabenizar a Lorreine por ter iniciado seu espaço de resenhas de cinema na Coluna Delas.
    Raul

  2. A Cooperativa de Produção em Comunicação e Cultura, por meio do portal Desacato, também pretende promover cultura. Levando em conta nosso lado social e humano, também buscamos integrar nossos cooperados e tendo esses dois pontos em mente, na última sexta-feira, nos reunimos na casa da querida cooperada Lorreine Iria Laube. Com a anfitriã, assistimos ao clássico Farenheit 451 e ainda discutimos aspectos históricos e políticos que o tema despertou. Ainda assim, acredito que o saldo mais positivo tenha sido a iniciativa da Lô, engenheira que gosta muito de ler e que se aventurou a escrever um pouco sobre o filme. Parabéns, Lô!!

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