Por Juan Carlos Díaz Guerrero*.
(Português/Español)
Havana (Prensa Latina) O aperto de mãos entre o presidente Omar Hasán al Bashir, do Sudão, e seu homólogo do Sudão do Sul, Salva Kiir, abriu novas esperanças para resolver a crise entre ambos Estados africanos que até o ano passado eram um só país.
Os mandatários se encontraram a princípios de julho na XIX Cúpula da União Africana (UA) realizada em Addis Abeba, Etiópia, um ano depois da proclamação da república do Sudão do Sul no dia 9 de julho de 2011, após décadas de guerra civil e um referendo. Por enquanto persiste a incerteza sobre quando e como os dois países resolverão suas diferenças, algumas delas muito agudas. O compromisso de ambos, na reunião, de negociar mediante o diálogo foi qualificado como alentador por meios diplomáticos africanos para encontrar uma solução política.
Al-Bashir e Kiir se comprometeram com um “novo espírito de associação estratégica”, afirmou o comissário de Paz e Segurança da UA, Ramtane Lamamra.
“Isso inclui o fato de não recorrer de novo à força para resolver suas diferenças”, disse.
Endre Stiansen, enviado especial da Noruega para Sudão e Sudão do Sul, expressou a jornalistas sua satisfação pelo trabalho de mediação da UA para incentivar o diálogo entre as duas nações e evitar que sejam atiçadas as diferenças, que até agora são, ao parecer, irreconciliáveis.
Estamos chegando ao final do prazo e portanto é essencial que se mantenha a pressão sobre as partes, assinalou, se referindo ao tempo outorgado pelas Nações Unidas (2 de agosto) para que solucionem suas diferenças.
O organismo mundial expressou sua preocupação pela demora no processo de negociação.
PRIMEIRO ANIVERSÁRIO: DA EUFORIA À INCERTEZA
Da euforia vivida no dia 9 de julho de 2011 pelos mais de oito milhões de sul-sudaneses ficou só a centelha, que abriu espaço a uma atmosfera sombria e de incerteza, sem perspectivas a curto prazo de soluções perduráveis.
Sudão do Sul comemorou o primeiro aniversário como Estado independente no meio de problemas recorrentes e outros produto da nascente República, que enfrenta o desafio de avançar no meio das dificuldades.
Como se isso fosse pouco, após duas décadas de conflitos armados, tem adiante a missão de reconstruir o país, os serviços de administração, de infraestrutura e de base.
Esta nova nação ficou estruturada em 10 estados federais: Alto Nilo, Bahr al-Ghazal do Norte, Bahr al Ghazal Ocidental, Warab, Unidade, Juncáli, Lagos, Equatória Central, Oriental e Ocidental.
A separação da zona sul – de maioria étnica africana e crenças tradicionais e cristãs – do resto do Sudão – muçulmano e árabe – arrastou consigo problemas seculares como a fome, pobreza, insegurança, corrupção e violência interétnica, ao mesmo tempo que gerou outros que dificultam ainda mais a vida do novo país.
Agora, entre os temas em disputa, estão o desenho de uma fronteira comum com Cartum, a distribuição da renda petroleira e a definição de zonas em litígio, entre elas a localidade de Abyei, cenário de confrontos militares entre ambos governos e cujo subsolo é rico em hidrocarbonetos a serem explorados.
Sudão do Sul tenta hoje alcançar a verdadeira independência econômica e política; e se puder até a territorial, já que, para cúmulo das complicações, ainda não tem delimitadas suas fronteiras com o vizinho.
Alguns dados mostram a precariedade do setor saúde, no qual só 19% dos partos são atendidos por profissionais sanitários e uma em cada sete crianças morre por causas curáveis antes de cumprir cinco anos.
Da população adulta, 73% é analfabeta; e a matrícula no nível secundário chega a meros seis porcento da população em idade escolar.
A isso, deve se acrescentar a carência de infraestruturas, a fraqueza do Estado para exercer sua autoridade para além da capital, e o recrudescimento dos conflitos armados internos com a avalanche de deslocados e o aprofundamento da crise alimentária.
Junto a isso, o impacto de uma brutal seca que se estende a toda a zona do Corno Africano para o leste e para o Sahel em direção ao ocidente.
Os choques violentos entre as tribos em várias partes do país criam temores em relação à unidade do Sudão do Sul.
Médicos Sem Fronteiras estima os deslocados em 120 mil e considera que os índices de mortalidade, só no campo de refugiados de Jaman, duplicam o nível considerado de emergência.
A corrupção é outro fenômeno latente, chegando ao extremo do primeiro mandatário, Salva Kiir, admitir que 45 funcionários públicos roubaram nada menos que quatro bilhões de dólares destinados aos serviços públicos básicos.
Para recuperar esse buraco negro nos fundos públicos, o governo criou uma conta que só tinha uns 60 milhões de dólares: os nomes dos autores do desfalque continuam ocultos.
O fechamento da fronteira depois da proclamação da independência, como consequência do acordo assinado pelo governo no Quênia em 2005, implicou um aumento de 200% nos preços nos artigos de primeira necessidade, segundo a ONU.
A isso teria que se acrescentar a paralisação da produção petroleira, equivalente a 98% da renda, reduzindo de maneira drástica a entrada de divisas fortes e provocando uma catástrofe na economia, por uma desvalorização de 40% na moeda local, a libra sul-sudanesa.
O confronto na zona de Heglig, também rica em hidrocarbonetos, entre os exércitos de Cartum e Juba chegou ao paroxismo quando tropas do segundo a ocuparam durante 10 dias.
Riek Machar, vice-presidente sul-sudanês, admitiu em um balanço realizado no aniversário da proclamação da independência, que as autoridades não satisfizeram as expectativas da população, e atribuiu o fracasso “às dificuldades imprevistas que foram encontradas”.
PROGRESSO LENTO E DESIGUAL
Nesse contexto, as pressões da União Africana e das Nações Unidas obrigaram os contendentes a sentar à mesa de negociações para abrir um processo que se prevê longo e difícil pela quantidade e magnitude das diferenças que os separam.
Pela terceira vez, Sudão e Sudão do Sul retomaram, no passado dia 5 de julho na Etiópia, conversas para tentar resolver as diferenças que impedem o bom desenvolvimento das relações bilaterais.
A delegação de Cartum está presidida pelo ministro de Defesa, Abdelrahim Mohamed Hussein, enquanto que adiante da de Juba está o chefe negociador, Pagan Amum.
Omer Dahab, porta-voz sudanês, declarou a jornalistas que, apesar de não atingirem acordos, as negociações constituem uma ponta de esperança. Estas conversas, ainda em andamento, dão continuidade àquelas realizadas em 30 de maio e 8 de junho.
Apesar dos limitados progressos do diálogo, Amum se mostrou otimista, assim como o representante especial da ONU para Sudão do Sul, Hilde Jonson, que afirmou que as negociações evoluem.
O ex-presidente da Comissão da UA, Jean Ping, ao inaugurar a reunião do Conselho de Paz e de Segurança do bloco panafricano em Addis Abeba, reconheceu progressos “lentos e desiguais” na implementação do plano de ação elaborado pela UA para tentar encontrar solução à crise, a qual, a todas luzes, tem mais atritos invisíveis que evidentes, ainda que todos igual de complexos.
* Jornalista da Redação África e Oriente Médio.
em/jcd/cc
Sudán del Sur: De la euforia a la incertidumbre
Por Juan Carlos Díaz Guerrero*.
La Habana (PL) El estrechón de manos entre el presidente Omar Hasán al Bashir, de Sudán, y su homólogo de Sudán del Sur, Salva Kiir, abrió nuevas esperanzas para solucionar la crisis entre ambos Estados africanos que hasta el año pasado fueron un solo país.
Los mandatarios se encontraron a principios de julio en la XIX Cumbre de la Unión Africana (UA) celebrada en Addis Abeba, Etiopía, un año después de la proclamación de la república de Sudán del Sur el 9 de julio de 2011, después de décadas de guerra civil y un referendo.
Si bien persiste la incertidumbre sobre cuándo y cómo los dos países resolverán sus diferencias, algunas de ellas muy agudas, el compromiso de ambos, en la reunión, de negociar mediante el diálogo, fue calificado de alentador por medios diplomáticos africanos para encontrar una solución política.
Al Bashir y Kiir se comprometieron con un “nuevo espíritu de asociación estratégica”, afirmó el comisario de Paz y Seguridad de la UA, Ramtane Lamamra.
“Ello incluye el hecho de no volver a recurrir de nuevo a la fuerza para resolver sus diferencias”, dijo.
Endre Stiansen, enviado especial de Noruega para Sudán y Sudán del Sur, manifestó a periodistas su satisfacción por la labor de mediación de la UA para incentivar la plática entre las dos naciones y evitar atizar las diferencias, hasta ahora, al parecer, irreconciliables.
Estamos llegando al final del plazo y por lo tanto es esencial que se mantenga la presión sobre las partes, señaló, al referirse al tiempo otorgado por las Naciones Unidas (2 de agosto) para que solucionen sus diferencias.
El organismo mundial expresó su preocupación por las demoras en el proceso de negociación.
PRIMER ANIVERSARIO: DE LA EUFORIA A LA INCERTIDUMBRE
De la euforia vivida el 9 de julio de 2011 por los más de ocho millones de sursudaneses quedó solo el destello, que dio paso a una atmósfera sombría y de incertidumbre, sin avizorarse en el corto plazo soluciones perdurables.
Sudán del Sur celebró el primer aniversario como Estado independiente en medio de problemas recurrentes y otros germinados con la naciente República, que enfrenta el reto de avanzar en medio de las dificultades.
Por si fuera poco, después de dos décadas de conflictos armados tiene por delante la misión de reconstruir el país, los servicios de administración, de infraestructura y de base.
Esta nueva nación quedó estructurada en 10 estados federales: Alto Nilo, Bahr el-Ghazal del Norte, Bahr el-Ghazal Occidental, Warab, Unidad, Jungali, Lagos, Ecuatoria Central, Oriental y Occidental.
La escisión de la zona sur, de mayoría étnica africana y confesiones tradicionales y cristianas, del resto de Sudán, musulmán y árabe, arrastró consigo problemas seculares como hambre, pobreza, inseguridad, corrupción y violencia interétnica, al tiempo que generó otros que dificultan aún más la vida del nuevo país.
Ahora, entre los temas en disputa, están el diseño de una frontera común con Jartum, la distribución de los ingresos por los recursos petroleros y la definición de zonas en litigio, entre ellas la localidad de Abyei, escenario de choques militares entre ambos gobiernos y cuyo subsuelo es rico en hidrocarburos por explotar.
Sudán del Sur intenta hoy alcanzar la verdadera independencia económica y política; y si se quiere hasta territorial, ya que, para colmo de complicaciones, aún no tiene delimitadas sus fronteras con el vecino septentrional.
Algunos datos muestran la depauperación en el sector de la salud, en el que sólo el 19 por ciento de los partos son atendidos por profesionales sanitarios y uno de cada siete niños muere por causas curables antes de cumplir los cinco años.
El 73 por ciento de la población adulta es analfabeta; y la matrícula en el nivel secundario asciende sólo al seis por ciento de la población en edad escolar.
A lo anterior debe añadirse la carencia de infraestructuras, la debilidad del Estado para ejercer su autoridad más allá de la capital, y el recrudecimiento de los conflictos armados internos con la consiguiente avalancha de desplazados y la agudización de la crisis alimentaria.
Junto a ello, el impacto de una brutal sequía que se extiende a toda la zona del Cuerno Africano hacia el este y el Sahel en dirección al occidente.
Los choques violentos entre las tribus en varias partes del país crean temores en relación con la unidad de Sudán del Sur.
Médicos Sin Fronteras estima los desplazados en 120 mil y considera que los índices de mortalidad, sólo en el campamento de refugiados de Jaman, duplican el nivel considerado de emergencia.
La corrupción es otro fenómeno latente, al extremo de que el primer mandatario, Salva Kiir, admitió que 45 funcionarios robaron nada menos que cuatro mil millones de dólares destinados a los servicios públicos básicos.
Para recuperar ese agujero negro en los fondos públicos, el gobierno creó una cuenta que sólo había ingresado unos 60 millones de dólares: los nombres de los autores del desfalco se mantienen ocultos.
El cierre de la frontera tras la proclamación de la independencia, como consecuencia del acuerdo marco firmado por el gobierno en Kenia en el 2005, derivó en el incremento en el 200 por ciento de los precios en los artículos de primera necesidad, según la ONU.
A ello habría que añadir el cese de la producción petrolera, equivalente al 98 por ciento de los ingresos, que redujo de manera drástica las entradas en divisas fuertes y provocó una debacle en la economía, por una devaluación del 40 por ciento en la moneda local, la libra sursudanesa.
El enfrentamiento en la zona de Heglig, también rica en hidrocarburos, entre los ejércitos de Jartum y Juba llegó al paroxismo cuando tropas del segundo la ocuparon durante 10 días.
Riek Machar, vicepresidente sursudanés, admitió en un balance en ocasión del aniversario de la proclamación de la independencia, que las autoridades no han satisfecho las expectativas de la población, y atribuyó el fracaso “a las dificultades imprevistas que fueron encontradas”.
PROGRESOS LENTOS Y DESIGUALES
En ese contexto las presiones de la Unión Africana y las Naciones Unidas obligaron a los contendientes a sentarse a la mesa de negociaciones para abrir un proceso que se anuncia largo y cuesta arriba por la cantidad y magnitud de los diferendos que los separan.
Por tercera ocasión, Sudán y Sudán del Sur reanudaron el 5 de julio pasado, en Etiopía, conversaciones para intentar resolver las diferencias que impiden el buen desenvolvimiento de las relaciones bilaterales.
La delegación de Jartum está presidida por el ministro de Defensa, Abdelrahim Mohamed Hussein, mientras que por Juba la encabeza el jefe negociador, Pagan Amum.
Omer Dahab, portavoz sudanés, declaró a periodistas que, pese a no alcanzarse acuerdos, las negociaciones constituyen un destello de esperanza.
Estas pláticas, aún en curso, dan continuidad a las celebradas el 30 de mayo y el 8 de junio.
Pese a los limitados progresos del diálogo, Amum se mostró optimista, al igual que la representante especial de la ONU para Sudán del Sur, Hilde Jonson, quien señaló que las negociaciones evolucionan.
El expresidente de la Comisión de la UA, Jean Ping, al inaugurar la reunión del Consejo de Paz y de Seguridad del bloque panafricano en Addis Abeba, reconoció progresos “lentos y desiguales” en la implementación de la hoja de ruta confeccionada por la UA para intentar hallar la solución a la crisis, la cual, a todas luces, tiene más aristas invisibles que evidentes, aunque todas igual de complejas.
*Periodista de la Redacción África y Medio Oriente.
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