O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou ontem, terça-feira 12 a abertura de um inquérito para investigar o presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na edição de um decreto no setor de portos, que teria beneficiado uma empresa do setor.
Em junho o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou ao Supremo a abertura de uma nova investigação sobre Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para apurar a prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na ocasião o Ministério Público Federal enviou ao STF a denúncia contra Temer.
As acusações se baseiam na delação da JBS, que no momento está suspensa após o vazamento de nova gravação envolvendo Joesley Batista, dono da empresa. A suspeita da Procuradoria-Geral é de que Temer e Loures atuaram para beneficiar a Rodrimar, empresa especializada em comércio exterior e que opera no Porto de Santos, no litoral paulista. Antônio Celso Grecco e Rodrimar Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar, também serão investigados.
Em agosto, em manifestação enviada ao Supremo, Janot, insistiu na abertura de um novo inquérito e apontou a necessidade de apurar possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva. Segundo a PGR, durante as investigações relacionadas ao caso da JBS foram identificados “outros fatos penalmente relevantes, os quais merecem ser devidamente apurados em inquérito próprio”.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa, as suspeitas sobre Temer em torno da edição do Decreto dos Portos surgiram a partir de uma conversa de pouco mais de dois minutos com Loures interceptada pela Polícia Federal em quatro de maio. Loures, que foi assessor especial da Presidência, estava grampeado. O deputado tentava saber sobre a assinatura do Decreto dos Portos e Temer informou o parlamentar que iria assinar o decreto na outra semana.
Depois da conversa com Temer, Rocha Loures passou informações por telefone a Ricardo Conrado Mesquita, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários e diretor da empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos.
O nome de “Ricardo” é apontado pela Procuradoria como um dos possíveis intermediários de repasses ilícitos para Temer. Na denúncia que foi enviada ao STF em junho, a PGR descreve os diálogos interceptados que usa para identificar os codinomes “Ricardo”, “Celso”, “Edgar” e “Coronel” como possivelmente pessoas que recebiam repasses para Loures e Temer.
Fonte: Carta Capital.