Staleiro da OSX já provoca catástrofe


Por Raul Longo.

Para quem já era petista antes de existir o PT, não poderia ser mais catastrófico.

Para quem anulou voto durante toda a ditadura porque não acreditava na disputa entre os tolerados e os acobertados pela intolerância do poder, esse link de vídeo (abaixo exposto) é muito desastroso.

Se impossível suportar a prepotência dos que se achavam superiores a todas as realidades e qualquer bom senso: técnico, científico, ou social… Se inadmissível a arrogância dos inquisidores a balouçar o pêndulo sobre os pescoços de quem ousasse interpor a evidência dos fatos às suas vontades; o que dizer quando provinda de quem se espera, ao menos, a percepção da razoabilidade?

Como aceitar, de quem se esperava evolução, a expressão do retrocesso? A regressão ao que se combateu e por combater sempre se optou e acreditou no caminho apontado pelo Partido dos Trabalhadores?

Nunca acreditei em total perfeccionismo de qualquer agremiação humana, mas jamais imaginei que um único integrante da instituição política na qual acredito como transformadora social, reproduziria exatamente o que motivou o desejo de transformação em todos os que militaram e militam pelo PT.

Como se aceitar, agora, depois de oito anos de governo de um homem elegante e libertário como Luís Ignácio Lula da Silva, que se volte aos tempos do bater o pau na mesa, do “prendo e arrebento”, daquele que tinha “aquilo roxo” ou à petulância do outro que classificou aos que deveria representar como caipiras e vagabundos?

Abandona-se a proficiência e a previdência cada vez mais necessária às realidades futuras, e retornasse às magias de velhos embaçados espelhos apenas para indagar: quem mais poderoso do que eu?

E ceifam-se cabeças!

De quem? Giordano Bruno ou Galileu?

Retornamos ao tempo em que políticos propunham revogação da lei da gravidade?

Impossível acreditar! Não acreditei. Acusei de mentira e tentativa de rebaixar as proposituras de candidatos do PT aos anacrônicos coronéis que ainda ontem ameaçavam acabar com raças e pisar cabeças. Anacronismo sobrevivente entre os que confirmam a própria decadência com ordens de demissões aos que questionam suas imposturas, como recente ocorreu com o apresentador do programa Roda Viva e o diretor de jornalismo da TV Cultura. Mas, para mim, inadmissível dentro do partido pelo qual milito desde que se o criou na união e compreensão entre trabalhadores e homens de ciência, pois entendo que se o criou exatamente como contraposição a intolerância e incompreensão à sociedade e à ciência. À realidade e ao fato.

Como, para o político de elite, compreender a realidade do trabalhador? De que forma poderia o cientista traduzir seus conhecimentos sobre os fatos, para políticos indispostos às contrariedades de suas veladas intenções?

Contrassenso! Ridículo até previsível entre velhos hipócritas e neófitos apadrinhados por antigos caciques políticos, sempre incapazes de reconhecer as instâncias, limitações de poder e funções, ou a e lógica dos procedimentos e comportamentos democráticos. Mas, no PT, improvável!

Retornamos ao tempo em que o conhecimento, o saber, a ciência só era admissível por decreto?! Pede-se cabeças como antes se pedia o exílio?

Não! Não acreditei e continuo não acreditando. Entendo que no Brasil de hoje isso apenas se repita por anacronismo de hábitos coronelistas que, pela própria decadência, não são capazes de enxergar o fim dos tempos em que nada se sobrepunha aos interesses de poderes regionais alheios a determinações constitucionais ou regulações de orientação nacional.

Compreensível a sobrevivência dos que ainda não possam assimilar que o Brasil não se aliene aos esforços da comunidade das nações por um maior equilíbrio e responsabilidade ambiental, ao desenvolvimento da civilização mundial e aos aprimoramentos de organização social. Mas totalmente incompreensível que possam integrar projetos e propostas progressistas!

Aqui, ou em qualquer lugar do mundo!

Por mais lamentável e catastrófico para o estado de Santa Catarina, o que se vê através do link abaixo não indica que o país esteja voltando no tempo. Temos de manter esperança nas forças sociais de nosso estado e em sua capacidade transformadora, por mais que comportamentos como os expostos neste vídeo retomem típicas reações de nosso recente e sombrio passado.

Também é necessário esclarecer que embora nunca tenha me filiado a qualquer partido, sempre militei pelo que acredito. E continuarei acreditando, pois não aceito que apenas um represente o todo.

Espero que se possa reconhecer neste vídeo aqueles que condizem com as instituições que representam, e quem não.

Continuarei acreditando no Partido dos Trabalhadores e em todos os candidatos que identifico aos ideais pelos quais milito, mas, por responsabilidade a mim mesmo, tenho de expor o documentado que classifico como catastrófico, pois me é imprescindível reconhecer meu erro perante aqueles dos quais duvidei quando me relataram o que neste vídeo se documenta. Peço desculpas por ter desconfiado das intenções de seus relatos.

Não tentarei justificar porque errei. Dos erros, há os injustificáveis, ainda que todos sejam assumíveis e, por esta possibilidade, releváveis. Não é o que pretendo aqui, tampouco divulgo esse vídeo numa tentativa de contemporização ou qualquer intenção de exemplificação moral. Isso de lições de moral me seriam tão inviáveis e improfícuas quanto a um político discutir questões científicas com especialistas.

A propósito, lembro a sabedoria popular lusitana imortalizada por Fernando Pessoa, considerando que não se refere à “necessidade” o emprego em “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Refere-se à precisão, exatidão. Navegar é uma ciência exata, precisa e indiscutível. Inexplicável a quem não possua rudimentos necessários à sua compreensão. Viver, não. Ou, viveres, sim, podem e devem ser discutidos por todos, sobretudo por políticos que tão pouco conhecem dos meios e das condições do viver de seus eleitores.

Não sou nem nunca serei candidato a nenhum cargo político, mas como cidadão considero-me pessoa pública, mesmo sabendo que por quantas vezes se multipliquem minhas regulares msgs de militância eletrônica, jamais terei o poder de influência de um vereador de pequena cidade de interior. Ainda assim não posso me negar à responsabilidade de reconhecer meu erro ao maior número de pessoas possível.

E não o faço pelas pessoas, por meus correspondentes, por aqueles aos quais repassam meus textos ou pelos leitores de onde estes textos sejam publicados. Faço-o por mim mesmo, porque se não o fizer me será impossível continuar escrevendo ou militando minha crença, meu ideais e minha confiança no PT e nos seus candidatos.

Inclusive porque, se não o fizer, serei calado e envergonhado por cada um que me repasse o link desse vídeo, da mesma forma que o recebo agora.

Repetindo, para total compreensão: ser relevável é tão da natureza dos erros quanto se os reconhecer e assumir em tempo para que as razões de se os praticar sejam compreendidas, se compreensíveis. Ou simplesmente esquecidas como um equívoco retratado.

Se não retratado, será mais que um equívoco a cada vez que circule esse vídeo pela internet, seja qual for a intenção porque se o faça. Ou para sugerir a oportunidade de relevância, no sentido de se conceder desculpas e compreensão pelos motivos de um erro; ou para que opositores e concorrentes dêem relevância em outro sentido da mesma palavra, destacando o erro cometido e não assumido nem explicado. Ainda que mesmo inexplicável, quando se o assume um erro sempre será compreensível pelas naturais imprecisões do viver.

Antes que se assista o vídeo do link: http://www.youtube.com/watch?v=OHyWTFMgS84&feature=related (repetido ao final) sugiro que se inteire da realidade sobre alguns pontos nele mencionados:

1 – O primeiro Parecer Técnico contrário à instalação de um estaleiro para plataformas e cargueiros de petróleo no canal da Ilha de Santa Catarina, não foi o do Instituto Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente. Foi o emitido por Paulo César Simões Lopes, Biólogo, Ph.D., contratado pela própria empreendedora OSX. Algumas conclusões finais negritadas e sublinhadas pelo próprio autor:

“- O empreendimento fará sentir seus efeitos nocivos numa grande área de influência, estando localizado numa zona extremamente crítica…”

“- a magnitude dos impactos são, em boa parte, permanentes e irreversíveis… Sugere-se, fortemente, a relocação do empreendimento… de maneira que os efeitos nocivos não sejam potencializados…”

E, finalizando a última linha do documento: “… considerando assim a proposta da obra na área referente ao Estaleiro BN5 como ambientalmente inviável

2 – O Promotor de Justiça Arno Richter, do Estado de Santa Catarina, recomendou publicamente aos empreendedores que estudem outras regiões do estado onde já existem complexos portuários e situam-se fora de áreas de baías e enseadas, sem necessidade de dragagem de canal como aqui se pretende. O Promotor sugeriu também que o governo do estado documente impedimento a atividades portuárias de embarcações de grande porte.

3 – Até as declarações documentadas neste vídeo, nenhuma das comunidades cujas atividades profissionais serão afetadas pelo empreendimento, ou suas entidades representativas, assim como nenhum dos proprietários a terem seus patrimônios depreciados ou qual seja a entidades que os represente, como associações de moradores, foi alguma vez consultada pelas autoridades que aí se pronunciam, ou quaisquer outras. Tampouco depois.

4  – Apenas um vereador pelo PCdoB e um candidato à deputado estadual pelo PT têm comparecido às manifestações e reuniões de populares ameaçados pelo projeto. São os únicos que podem identificar quais organizações ou lideranças se compõe, ou não, aos protestos das comunidades de Florianópolis, Biguaçu e Governador Celso Ramos. Nem um nem outro se pronuncia nesse vídeo.

5 – Apesar das referências às cabeças de servidores do Ministério do Meio Ambiente, a maior preocupação sobre o que ai se pronuncia não é a incapacidade de compreensão de quais sejam as funções de cientistas e servidores federais. A grande preocupação é com 9 mil pessoas direta e indiretamente relacionadas à pesca, maricultura, gastronomia, comércio e turismo, irremediavelmente desempregadas caso se consiga impor, através da associação de grupos políticos regionais e interesses econômicos alheios ao âmbito do estado, a instalação desse estaleiro no canal da Ilha de Sta. Catarina.

Assim como nas apresentações do projeto da OSX, este vídeo também não trata de previsões sobre presumíveis futuros desastres sociais e ambientais, mas expõe uma evidente tragédia já em curso e contra a qual se espera uma providência do Partido dos Trabalhadores:

Vejam o Video dos Caçadores de Cabeça http://www.youtube.com/watch?v=OHyWTFMgS84&feature=related #estaleiro.

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