Garimpo ilegal, falta de proteção, ausência do poder público e o permanente desespero na terra Yanomami.
Deixam que os matem à bala, malária, covid, contaminação por mercúrio, pneumonia, anemia e fome.
Já, os garimpeiros, entram e saem sem grandes obstáculos, consumindo e devastando a fauna e flora, as águas e a terra mãe.
Estão sozinhos, sob a cruel e covarde violência, poucos os atendem, fecharam-se, mais uma vez, os olhos do mundo ao perene e lento genocídio.
Olhos que se abrem somente nas calamidades ou quando os holofotes midiáticos projetam vaidades ou dividendos políticos.
Eles, na verdade, sempre estiveram sozinhos, no abandono das noites intermináveis, aquelas que não deixam nascer, se quer, um dia de paz.
Estão sozinhos com os algozes, homens estranhos e obsessivos por ouro, o ouro pelo ouro, mesmo que lá não o encontrem.
Matam, simplismente os matam, não há escrúpulos ou qualquer compaixão, porque o ouro, o perverso ouro, torna-se a redenção.
E os Yanomami estão sozinhos, não há Estado, agentes, forças de segurança que deem conta da missão de protegê-los.
Sozinhos na dor, na angústia, na tristeza, nas lágrimas e na morte prematura, que se oferece como a única certeza, ou a última saída.
Até quando?
Porto Alegre, RS, 01 de maio de 2023.
Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.
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