A organização não-governamental SOS Mata Atlântica avaliou a qualidade da água de 49 rios, córregos, ribeirões, represas, lagos e açudes do país e classificou 25% como “ruim” e 75% como “regular”. Nenhum dos corpos de água avaliados recebeu a classificação “bom” ou “ótimo”. As análises seguem padrões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e foram realizadas em 11 estados brasileiros entre janeiro de 2011 e março de 2012.
“O resultado é um alerta para autoridades e também para a população, para que haja uma mudança de comportamento e a adoção de atitudes capazes de reverter este quadro. A tendência da situação da água no mundo é de agravamento dos problemas, sobretudo pelo crescimento das cidades e pelo mau uso deste recurso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora do Programa Rede das Águas, da SOS Mata Atlântica.
Entre os critérios analisados estão a presença de espuma e lixo, existência de peixes, larvas, vermes e características como temperatura, turbidez, odor e contaminação por coliformes. Os 49 “corpos de água” estão localizados em cidades visitadas por projetos da organização e sofrem maior influência de esgoto e lixo. Mas, segundo Malu Ribeiro, a qualidade da água dos rios na zona rural também é crítica.
“Infelizmente, nas zonas rurais a situação também é crítica, devido ao uso intenso de agrotóxico e fertilizantes em algumas culturas, além do desmatamento de matas ciliares e áreas de proteção permanente”, afirma. “Todas as grandes cidades dependem da preservação de matas em torno dos corpos de água”.
Análise – Esta é a segunda edição da análise da qualidade da água dos rios feita pela SOS Mata Atlântica. Entre maio de 2009 a dezembro de 2010, a organização avaliou 75 cursos de água e também não constatou nenhum caso “bom” ou “ótimo”. No entanto, no levantamento anterior três rios foram considerados “péssimos” – categoria não encontrada na última pesquisa, que analisou menos corpos de água.
Alguns dos rios que fizeram parte da primeira edição foram reavaliados no segundo levantamento. Dos 19 casos, 12 não mudaram de categoria, 5 melhoraram e dois pioraram. O destaque da melhora foi o Rio Passo dos Índios, em Chapecó, que passou que péssimo para regular.
Na última rodada de análises, a melhor qualidade de água foi verificada na Bica da Marina, em Angra dos Reis (RJ). A pior ocorreu no Rio Criciúma, na cidade de mesmo nome, em Santa Catarina.
Fonte: Amanda Rossi – Globo Natureza.
Relatório alerta para a escassez de água
Na atualidade, pelo menos 12 países do Sudeste Asiático e do Oriente Médio vivem em “absoluta escassez” de água, mostra o Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento da Água, preparado pela ONU e apresentado no Fórum Mundial de Águas, reunido há dias em Marselha, na França.
O quadro vai piorar. Sem novas políticas de manejo da água, mais de 40% da população mundial viverá em áreas de alto estresse hídrico até 2050, alerta a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Água é motivo de conflitos armados e de ferrenhas disputas. Relatório do Senado estadunidense, de fevereiro do ano passado, alertava para o risco de uma “guerra da água” entre o Paquistão e o Afeganistão. A média de recursos de água disponível por habitante tem caído nos dois países, para 1,7 mil metros cúbicos na Índia e 1 mil metros cúbicos no Paquistão.
A agricultura é o grande consumidor da água do planeta. Ela representa em torno de 70% do consumo. Projeções indicam que esse setor necessitará de 19% a mais de água até 2050 para atender a demanda crescente da produção de alimentos voltada a uma população mundial em expansão e que se aproxima dos 9,3 bilhões de habitantes. A produção de alimentos deverá crescer 60% até 2050, calcula a Agência para Agricultura e Alimentação (FAO).
Omã, Síria e Iêmen importam boa parte de grãos para preservar a água e destiná-la ao consumo humano. Estimativas apontam que, hoje, 800 milhões de pessoas não têm acesso à água no planeta. A Ásia, que concentra 60% da população mundial, dispõe de apenas um terço da água potável da Terra.
O Brasil concentra 12% da água doce do mundo. Mas 70% desse volume correm na Bacia Amazônica e menos da metade da população brasileira tem acesso à água tratada.
Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação.