“Sonetos” contemporâneos: Acervo de Schwanke é atemporal e segue vibrante em nova exposição


2.Schwanke na Bienal de SP, Paulo de Araujo 1991.

Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e a Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew abrem em Joinville (SC), nesta quinta-feira, 11 de novembro, às 20 horas, a exposição “Schwanke: Sonetos”, com curadoria da pesquisadora Maria Amélia Bulhões. O projeto prevê, além da mostra, uma curadoria educativa, a publicação do catálogo sobre as três edições do programa Schwanke: Destaque e a produção de material de apoio pedagógico para os professores. Contempla ainda uma palestra com a curadora, que ocorre antes da abertura, às 19h, no auditório da Casa da Cultura.

 Schwanke: Destaque é uma ação do MAC Schwanke criada em 2018 que valoriza o acervo e possibilita o seu acesso de forma contínua. A cada edição, um pesquisador, curador ou crítico de arte é convidado a conhecer a reserva técnica e propor um recorte de trabalhos à luz de um novo olhar e conceito.  A ideia é destacar algo singular e provocador para promover discussões em relação à poética do artista, à história da arte ou ao contexto contemporâneo.

Coerência temática e conceitual

Sonetos Schwanke. Foto: Divulgação

A exposição “Schwanke: Sonetos” enfoca a obra de Schwanke sob a perspectiva da interação das artes visuais com a literatura, mais especificamente a poesia. A intenção é destacar a forma como o artista se apropria de uma estrutura literária clássica dando-lhe uma configuração visual contemporânea. O uso reiterado desta composição poética – composta de 14 linhas apresentadas como um soneto petrarquiano, com dois quartetos e dois tercetos. O último verso concentra a ideia principal do poema. Schwanke renuncia as palavras ou letras. Ele adota um registro conceitual/visual que se desdobra em inúmeras possibilidades.

A curadoria de Maria Amélia Bulhões evidencia os processos criativos do artista incorporados em meados dos anos 1980 que exploram diferentes meios gráficos (decalques ou páginas impressas de revistas) e pintura, para criar séries interconectadas, uma prática comprovatória de sua ousadia criativa. Sem desprezar procedimentos pouco valorizados, Schwanke reitera a pintura como meio de expressão.  “A ideia é apresentar um conjunto que articula seis anos de trabalho em uma coerência temática e conceitual, explorar a ligação de Schwanke com diferentes movimentos artísticos como arte e linguagem, arte povera e poesia visual, etc.”, diz Maria Amélia Bulhões.

Maria Regina Schwanke Schroeder, presidente do MAC/Instituto Schwanke enaltece a participação de uma pesquisadora gaúcha com a importância e representatividade de Maria Amélia no cenário da arte brasileira. “Valioso para nós do MAC o destaque em torno dos ‘Sonetos’, uma série cuja maioria ainda é inédita e em que o artista revela uma fatura delicada e cuidadosa, sobretudo no uso das decalcomanias em que ele se apropria de múltiplas imagens de flores, peixes, crustáceos, libélulas, joaninhas, etc. É uma produção irônica, feita a partir de páginas de revistas em que pinta, cola, raspa, evidencia algumas palavras ou frases, oculta outras. Assim, toca nos fatos do seu tempo, que é ainda o nosso. Estamos certos de que o público da galeria apreciará, em especial os jovens. Além disto, ficamos contentes pelo fato de que Maria Amélia realize sua primeira curadoria em Santa Catarina justo sobre o Schwanke”, diz a gestora que também é irmã e detém o espólio do artista.

Já Franzoi, coordenador da Galeria Municipal de Artes Victor Kursancew e coordenador da Escola de Artes Fritz Alt, vê como uma honra receber a exposição “Sonetos”, com curadoria da renomada professora, pesquisadora e crítica de arte Maria Amélia Bulhões. “Um dos pioneiros na arte contemporânea em Joinville, ícone de contemporaneidade, Schwanke sempre surpreendeu pela inovação e sagacidade em dialogar com o presente. Sua obra é atemporal. Artista inquieto, influenciou e ainda influencia artistas de todas as gerações. Sua produção abre campo para pesquisas e desdobramentos e por essa razão pode proporcionar aos alunos e professores da Casa da Cultura a oportunidade de estar diante da série ‘Sonetos’ para analisar cada detalhe dessa criação.” Por fim, diz estar convicto que será significativo para a formação artística dos alunos e para contribuir com o desenvolvimento da arte e da cultura de Joinville e região.

Itinerância

Idealizada para o espaço da Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew em Joinville, a exposição ganha itinerância, entre abril e maio de 2022, no Museu da Escola Catarinense, em Florianópolis (SC). Nesta mesma perspectiva estão sendo feitos contatos com o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), em Porto Alegre (RS) e o Palacete dos Leões, em Curitiba.

Curadoria educativa

Na noite de abertura da mostra acontece uma palestra com a curadora responsável pela mostra, Maria Amélia Bulhões como parte da programação elaborada pela curadoria educativa do MAC Schwanke, realizada pelas professoras doutoras, Alena Marmo, Leticia Mognol e Nadja de Carvalho Lamas.

As ações educativas, em formato de palestras e oficinas, foram elaboradas especialmente para professores e propõe discussões sobre como trabalhar em sala de aula partindo de obras em exposição e pensamento artístico de Luiz Henrique Schwanke, além de diálogos sobre a Base Nacional Comum Curricular e o ensino da arte. 

Programa Schwanke: Destaque – breve histórico 

Na primeira edição do projeto, um livro de artista produzido por Schwanke fica em destaque na pesquisa de Dalva Alcântara, que disseca a obra na sua dissertação de mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade. A mostra “Livro de Artista, Um Híbrido de Schwanke”, em 2018, ocorre no Instituto Juarez Machado e incorpora um ateliê de criação, onde são realizadas ações educativas com escolas.

A segunda edição, em 2019, no Instituto Juarez Machado, resulta na mostra “A Expressão Reta Não Sonha: os Devaneios de Schwanke”, cuja curadoria é da crítica de arte e professora Maria José Justino. O recorte selecionado destaca uma obra inédita, a mandala verde, a série de pinturas e apropriações – os perfis (linguarudos) e as apropriações de objetos plásticos, como a escultura de bacias brancas, hoje no acervo do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). 

Sobre o artista 

Nasce em Joinville, em 1951, desde a tenra infância demonstra pendor artístico. Formado em comunicação social, vive 15 anos em Curitiba (PR), onde amplia conhecimentos e práticas em torno das artes visuais em favor de um pensamento inquieto e quase obsessivo sobre questões do claro-escuro. Dono de uma produção impactante que não se sujeita a uma única rotulação, conduz a carreira com profissionalismo, potencializa o saber jornalístico em seu próprio proveito, faz viagens internacionais de estudos, lê teóricos fundamentais. A partir de meados de 1980, quando volta a morar com a mãe Maria Francisca, em Joinville, dilui as fronteiras entre centro e periferia, demonstra que em movimento é possível estabelecer articulações potentes e obter reconhecimento nacional. Seu nome está inscrito na história da arte brasileira.

 Sobre a curadora 

Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), com estágio sênior nas Universidades de Paris I, Sorbonne e Universidade Politécnica de Valencia. Professora e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora 1A do CNPq e líder de Grupo de Pesquisa registrado. Atual presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e membro do Conselho da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA). Foi presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Artes Plásticas (Anpap), coordenadora do PPG Artes Visuais da UFRGS e diretora do Centro Cultural Brasil Venezuela. O foco de seu trabalho é a arte contemporânea em suas relações sistêmicas, sua pesquisa atual tem ênfase nas articulações desta produção com a internet. Organizou livros e colabora regularmente com artigos em periódicos nacionais e internacionais. “As Novas Regras do Jogo: O Sistema da Arte no Brasil” e “Web Arte e Poéticas do Território” são as últimas publicações. Realizou muitas curadorias, entre as quais “Pro Posições”, no MARGS, 2017; “Web Arte”, na Bienal Internacional de Curitiba, 2013; “Mostra Inaugural”, na Fundação Iberê Camargo, 1999 e “Representação Brasileira”, na Bienal de Cuenca, 1998. É a primeira vez que realiza curadoria em torno de um artista de Santa Catarina. 

Sobre o MAC Schwanke 

Criado em 2002, o Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke), mantido pelo Instituto Schwanke, filiado ao Ministério do Turismo e ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), tem o compromisso de zelar pela memória de Schwanke e oferecer possibilidades de aprimoramento intelectual em torno da arte contemporânea. Com esse fim, organiza seminários e encontros de discussão, cursos e palestras com pesquisadores, críticos e artistas. 

FICHA TÉCNICA

Curadoria: Maria Amélia Bulhões

Curadoria educativa: Alena Marmo, Leticia Mognol e Nadja Lamas

Fotografia: Daniel Machado

Design: Fernanda Pozza da Costa

Assessoria de imprensa: Néri Pedroso

SERVIÇO

O quê: Mostra “Schwanke: Sonetos”

Onde: Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew, rua Dona Francisca, 800, bairro Saguaçu, Joinville

Quando: 11.11.2021, 20h (abertura). Até 3.1.2022. Segunda a sexta, 10h às 16h.

Quanto: Gratuito

O quê: Palestra de Maria Amélia Bulhões sobre a curadoria de “Schwanke: Sonetos”

Onde: Auditório da Casa da Cultura, rua Dona Francisca, 800, bairro Saguaçu, Joinville

Quando: 11.11.2021, 19h

Quanto: Gratuito

REALIZAÇÃO

Edital de Chamamento Público nº 001/PMJ/2020, do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e Casa da Cultura Fausto Rocha Junior

SAIBA MAIS

www.schwanke.org.br 

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