Desde o início da Ocupação, no dia 25 de outubro em uma terça-feira, a reitoria não se mostrou favorável ao movimento, mesmo sendo teoricamente contra a PEC 55 (antiga PEC 241). O diálogo com o reitor Marcus Tomasi só aconteceu após a interferência de professores e professoras favoráveis a causa, convencendo-o a uma negociação com o movimento estudantil apenas no dia 27 de outubro. Nos comprometemos a normalidade do espaço com pleno acesso de todos, em contrapartida a reitoria retiraria a reintegração de posse e se comprometeu com as “nossas” demandas. Voltamos a crer que a reitoria estava realmente querendo apoiar a Ocupação, se posicionando de fato contra os retrocessos atuais no país. Para a nossa surpresa, dois pontos foram cumpridos e os demais foram esquecidos e até mesmo alterados ao bel prazer do grupo que deveria nos representar enquanto instituição. Como era o acordo, e o que de fato aconteceu:
Ponto 1 – Retirada da liminar imediatamente.
O que aconteceu: A liminar nunca foi retirada, apenas não se cumpriu a reintegração de posse por parte do oficial de justiça. Tanto que a mesma se encontra ativa como processo judicial.
Ponto 2 – Não criminalização dos estudantes por terem ocupado a reitoria e acessado a rádio.
O que aconteceu: A criminalização do movimento por parte da reitoria só aumentou, colocando a comunidade acadêmica contra o movimento, organizando abaixo assinado dos funcionários contra os estudantes e negando a verdadeira função do mesmo.
Ponto 3 – Posição da reitoria em relação a PEC 241 e apoio ao movimento.
O que aconteceu: Foi feita a nota de apoio ao movimento e contrária a PEC, porém mesmo divulgando nota na teoria, a prática da reitoria foi de lançar a comunidade acadêmica contra a Ocupação.
Ponto 4 – Nota de retratação, em relação aos comunicados que foram lançados via reitoria para a comunidade acadêmica, culpabilizando o movimento sobre o atraso do pagamento de bolsas e salários.
O que aconteceu: Essa nota não foi lançada, e pelo momento que estamos passando agora sabemos que nunca vai acontecer.
Ponto 5 – Possibilidade de realocação dos espaços que seriam utilizados no prédio da reitoria no dia da eleição, para outros locais dentro da própria UDESC.
O que aconteceu: Tanto as eleições quanto o ENEM ocorreram normalmente no campus 1 da UDESC, sem problema algum em relação ao movimento.
Ponto 6 – Reunião até 10 de novembro entre reitoria, estudantes e entidades de classe para discutir as pautas estudantis.
O que aconteceu: É nesse ponto que seguimos a relatar os problemas que estão acontecendo com a ocupação e a falta de diálogo da reitoria em relação ao movimento. A começar pelo cancelamento do TOEFL e o encontro de extensão, alegando que seria inviável a realização dos mesmos. Como se o movimento fosse o causador de algum impedimento.
No acordo firmado, no dia 10 de novembro haveria reunião com os três setores, tendo como pauta o movimento estudantil e suas reivindicações bem como das demais categorias. Ao chegar nessa reunião a pauta instaurada era completamente divergente da original. Fomos recebidas pelo reitor e seis membros da reitoria, que exigiram a presença de apenas três pessoas do movimento. Nos esperavam com dois documentos a serem entregues, uma nota de desocupação e um abaixo assinado dos servidores contendo 113 assinatura dos 237 servidores do local. Sendo que metade dos que assinaram não tinham ciência da totalidade do conteúdo que criminalizava o movimento, como nos foi informado em reunião com os servidores na manhã desta sexta feira dia 11. Debate este muito produtivo estabelecendo um clima dialógico e harmônico, onde foram amadurecidos todos os pontos do abaixo assinado, ajustando os pontos críticos de convívio. Nos disponibilizando a conversar abertamente com os demais servidores havendo o interesse dos mesmos.
Avaliamos que o ponto nevrálgico desse processo é: toda vez que a reitoria faz a mediação entre o movimento e a comunidade acadêmica (estudantes, servidores, professores, terceirizados e externos) há extremo ruído e criminalização da Ocupação. O despreparo de pró-reitores lançando notas em rede social sem o mínimo de contextualização sobre a importância política de um processo nacional de Ocupações, relacionadas a medidas provisórias e projetos de lei que retrocedem conjunturalmente o país, impactando diretamente as universidades públicas e demais setores. Todo esse contexto nos mostra o desconhecimento dessas pessoas sobre quais são os dispositivos atuais de luta.
Nos manteremos pacíficos, organizados e dialógicos. Mais uma vez não compreendendo a reintegração de posse que paira sobre o movimento.
OCUPA TUDO.