O resultado eleitoral é negativo para o povo, o qual sofreu muito em consequência da crise económica e das medidas que se seguiram, o memorando, o acordo de empréstimo, as leis de aplicação
O povo enfrentará problemas e desenvolvimentos graves e qualquer governo que seja formado não cumprirá as suas expectativas – o oposto será verdadeiro.
Nossa avaliação referente ao carácter negativo do resultado eleitoral baseia-se nos seguintes elementos:
Primeiro: no aumento da ND, a qual é um bem conhecido partido anti-povo e anti-trabalhador que não mudou. O pior não está ultrapassado, como afirmou o sr. Samaras. O pior está a caminho. E o governo que será formado, aparentemente com a ND no seu núcleo, não resolverá qualquer dos problemas do povo. Ao contrário, ele complicará os problemas.
Segundo: no aumento do SYRIZA nas segundas eleições em relação ao aumento significativo que teve nas eleições de Maio. Desta vez o SYRIZA recebeu um grande número de votos e uma elevada percentagem, mas depois de ter diluído em grande medida suas palavras de ordem referentes ao memorando, ao acordo de empréstimo, às leis de aplicação com a sua posição clara que a sua política como governo seria dentro da estrutura da “UE como caminho único”. Ele deu muitas garantias à classe dominante e às potências estrangeiras de que a Grécia permanecerá no euro a todo custo. Nesse sentido, acreditamos que o seu apoio é um elemento negativo dado o facto de que mudou as suas posições sem considerar se acreditávamos que implementaria as posições que apoiou nas eleições de 6 de Maio.
Terceiro elemento negativo: as perdas inquestionavelmente grandes do KKE que serão do maior significado para a prontidão do povo para intervir à luz da intensificação dos problemas devidos à crise na Grécia e, acima de tudo, devido ao aprofundamento da crise na Eurozona. A nossa posição em 7 de Maio, de que para o KKE estas seriam as eleições mais difíceis e mais complexas dos últimos 40 anos, foram confirmadas. Sabíamos os imensos obstáculos que o partido enfrentaria, os quais foram muito maiores em comparação com aqueles que atravessámos até as eleições de 6 de Maio, nomeadamente os dilemas do novo sistema bipolar, ND e SYRIZA. Ambos estiveram a combater à sua própria maneira pelo resultado eleitoral, um através de intimidações e o outro através de ilusões. Naturalmente, o resultado deve ser avaliado por todo o partido, KNE (organização da juventude comunista), pelos amigos e apoiantes do partido, como o partido faz em toda eleição, a fim de chegar a conclusões mais abrangentes e substanciais.
Quarto elemento negativo: os votos e a percentagem do “Aurora Dourada” apesar do facto de que após 6 de Maio ter havido muita evidência a respeito da sua natureza fascista e banditesca.
O KKE preferiu contar ao povo a verdade quanto ao carácter da crise e dos possíveis resultados, os quais estão ligados aos desenvolvimentos negativos na Eurozona, quanto ao carácter da União Europeia, quando à necessidade do cancelamento unilateral da dívida, a necessidade do desligamento da UE e da luta pelo poder da classe trabalhadora. Dissemos estas coisas muito conscientemente.
A participação do KKE num governo para administrar a crise numa fase tão crucial, quando o que é necessário é uma linha de ruptura e contra-ataque, levaria mais cedo ou mais tarde a uma grande derrota para o movimento, pois a possível participação do KKE num governo inconfiável com duas faces, uma para assuntos internos e outra para relações externas, poderia ser utilizada como um álibi para a acomodação do povo e o alinhamento da linha política do governo com os interesses dos monopólios.
Saudamos os membros do partido e da KNE, os amigos e apoiantes do partido que travaram esta dura batalha, e todos aqueles que resistiram à pressão e votaram pelo KKE. Declaramos que o KKE permanecerá de pé apesar da redução das suas cadeiras no Parlamento, continuará sua actividade intensa no movimento e apoiará e fortalecerá todo ponto de partida para a luta e a esperança.
É certo que o povo no decorrer dos acontecimento recordará questões que colocámos em ambas as batalhas eleitorais, previsões, advertências respeitantes aos desenvolvimentos na Eurozona, respeitantes à possibilidade do envolvimento da Grécia numa guerra, especialmente após as eleições nos EUA. E também acreditamos que mesmo aquelas pessoas que não votaram pelo partido, embora apreciassem suas posições e seu papel, entenderão as consequências diante da possibilidade de uma coligação governamental anti-memorando.
Asseguramos que agiremos de acordo com tudo o que dissemos ao povo antes das eleições. Estaremos na linha da frente em toda luta, apoiaremos toda iniciativa militante quanto a problemas agudos que estejam em progresso e preparemos o povo, na medida em que dependa de nós, de modo a que possa tratar dos novos tormentos que estão a caminho. Esperamos que este recuo da orientação radical, o qual foi particularmente marcado na segunda batalha eleitoral, não perdurará muito, porque aqui não pode haver o “esperar e ver”, pois os desenvolvimentos negativos desdobrar-se-ão extremamente rápidos.
O KKE considera que as bases para o contra-ataque do povo devem ser os lugares de trabalho, os sectores e os bairros. A acima de tudo que é mais importante o reagrupamento do movimento trabalhista, da aliança social, da aliança sócio-política que lutará pelos problemas imediatos e prementes, e também reunirá forças para o derrube radical que é necessário.
Atenas, 17/Junho/2012, Gabinete de Imprensa do CC do KKE
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2012/2012-06-18-dilosi-gg/
Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .
Foto: AP
É uma pena que o KKE não tenha se aliado com Syriza. Com o 5% de votos que receberam teriam contribuido para o triunfo de Syriza e assim levar à prática as ações que o povo grego precisa para sobreviver.