Brasil de Fato.- Participantes do acampamento Lula Livre em Curitiba foram brutalmente agredidos na noite desta terça-feira (17). Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram atacados em um trecho da Avenida Paraná, no caminho entre a unidade da Polícia Federal e o terreno onde estão montadas as barracas do acampamento.
O presidente estadual do PT no Paraná, Dr. Rosinha, conta que as vítimas voltavam das atividades que estavam sendo realizadas a uma quadra da PF, quando foram surpreendidas por um grupo de pessoas, aproximadamente às 19h30. Os integrantes do MST foram agredidos com barras de ferro e pedaços de madeira. Foram atendidos por uma ambulância contratada pelo evento, que estava no local.
Não foi possível identificar a quantidade de agressores, que se identificaram como integrantes da torcida organizada Império Alviverde, do Coritiba. O time disputou uma partida contra o Atlético Goianiense na terça-feira à noite pela série B do campeonato brasileiro.
O comando da Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública já foram acionados. Apenas às 22h duas equipes da Rotam, unidade especial da polícia militar, chegaram ao local para garantia da segurança. O presidente estadual do PT conta que no acordo realizado nesta segunda-feira entre os organizadores do acampamento e órgãos estaduais e municipais, além da transferência do local do acampamento, estava previsto a segurança dos acampados. Uma viatura deveria estar à disposição dos participantes da mobilização, mas nenhum efetivo policial ficou na área durante toda a terça-feira.”Nós cumprimos o acordo com o governo do estado, mas o governo não está cumprindo o acordo conosco, que é de garantir a segurança no local“, destaca.
Por causa do acordo, a estrutura de barracas para pernoite e de cozinhas comunitárias saiu da quadra próxima à polícia federal, e foi deslocada para um terreno na esquina da rua Joaquim Nabuco com a rua São João. As atividades culturais e atos políticos permaneceram sendo realizados a cem metros da PF, na rua Guilherme Matter com a rua José Antonio Leprevost.
Em nota, a organização do acampamento Lula Livre destacou que “exige dos órgãos de segurança pública uma resposta ao não cumprimento do acordo estabelecido em reunião“, e “pede que as medidas cabíveis sejam tomadas e que a segurança seja efetiva nos locais onde permanecem os acampados“.
O clima de insegurança permanece no lugar. Segundo o presidente do PT, pessoas que passam pelo acampamento ameaçam e xingam os manifestantes que estão no local. O receio dos acampados é que novas agressões aconteçam após o fim do jogo. “Se o time perder eles vão voltar com mais raiva”, teme Dr. Rosinha.
Visita de Nobel da Paz
O prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel protocolou junto ao Supremo Tribunal Federal, ao Conselho Nacional de Justiça e à Justiça Federal de Curitiba ofício em que comunica que “na condição de Prêmio Nobel da Paz e presidente de Organismo de Tutela Internacional dos Direito Humanos (Serpaj)”, fará inspeção na Polícia Federal em Curitiba para avaliar as condições de prisão do ex-presidente Lula. No documento, assinado por duas advogadas, Esquivel lembra que o Brasil é signatário das resoluções das Nações Unidas sobre prisões e que, “com a devida vênia, não há o que obstar”. A informação é de Helena Chagas, do site Os Divergentes.
No documento, o prêmio Nobel invoca as “Regras de Mandela”, um tratado da ONU sobre tratamento de presos, para justificar que o pedido de inspeção não deve ser submetido ao Judiciário brasileiro é que é um procedimento garantido pela legislação internacional. Ele se refere a um parecer do Ministério Público, não divulgado, que teria questionado o direto de se fazer a inspeção automaticamente.
Na “comunicação de inspeção” que enviou a Cármen Lúcia, na condição de presidente do CNJ, Esquivel marca a data de amanhã, 18 de abril, quando estará em Curitiba, para fazer a inspeção. Ele estará acompanhado de uma advogada, um médico e um fotógrafo.