Por Rita Siza e Sofia Lorena.
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Canta-se o hino catalão no Parlament
De pé, os deputados que votaram a proclamação da independência cantaram o hino catalão, Els Segadores, acompanhados de todos os presentes nas galerias. No fim, entre um aplauso coletivo, gritou-se “Viva a Catalunha”.
MOMENTO-CHAVE
República proclamada no parlamento catalão
Contados os votos – o último foi da presidente do parlamento, Carme Forcadell, ex-líder da Associação Nacional Catalã, muito aplaudida – foi aprovada uma declaração unilateral de independência da Catalunha. A proposta teve 70 votos a favor, dez votos contra, dois em branco. A maioria dos deputados da oposição, 53, não estavam na sala. São os eleitos do PP, Cidadãos e PS da Catalunha.
Cá fora assiste-se com toda a atenção
Sorrisos e boletins para a fotografia
Os deputados estão a ir, um a um, até à mesa do parlamento, onde se encontra a urna. A maioria leva o boletim já dobrado; alguns deputados, nomeadamente vários da CUP, como Anna Gabriel, sorriem muito ao votar. Outros, dos chamados “comuns”, os dois grupos ligados ao Podemos, mostram o seu boletim aos fotógrafos, provavelmente para comprovar que votam “não” como sempre disseram pretender fazer.
MOMENTO-CHAVE
“Declaremos que a Catalunha é um Estado em forma de República”
Carme Forcadell lê a proposta, antes da votação. “Constituímos a República Catalã” e “iniciemos um processo constituinte”, diz. “Manifestamos a necessidade de construção de um projecto europeu”, continua. “Fazemos um apelo a todos os cidadãos, sejamos dignos da responsabilidade que nos atribuímos. Assumimos o mandato do povo da Catalunha manifestado no referendo de 1 de Outubro e declaremos que a Catalunha é um Estado em forma de República”. Inicia-se a votação, por ordem alfabética, com todos os deputados a serem chamados a votar, estejam ou não presentes. Basta que haja um voto “não” para que os tribunais tenham muita dificuldade em acusar os responsáveis pela aprovação.
Voto será secreto
Depois de uma proposta para que as resoluções apresentadas pela coligação no poder fossem votadas por voto secreto, os membros da oposição que se mantêm no hemiciclo criticam esta possibilidade. “Não querem assumir a sua responsabilidade com o voto secreto. Têm de dar todos a cara porque são responsáveis”, afirmou Joan Coscubiela, da coligação Catalunya Sí que es Pot.
A CUP explica porque apoia o voto secreto, “tão longe da cultura democrática” do partido. Trata-se de “receios de repressão”, explica a deputada Anna Gabriel. Albiol, líder do PP, que ficou com alguns deputados para não permitir que fossem retiradas as bandeiras espanholas que deixaram nas suas cadeiras.
Foi aprovado que o voto da proposta do Juntos pelo Sim seja em urna.
MOMENTO-CHAVE
Oposição abandona parlamento antes de se votar a independência
Antes de proceder à votação da proposta do grupo Juntos pelo Sim, Carme Forcadell avisou que esta pode entrar em contradição com decisões do Tribunal Constitucional. Abandonam o hemiciclo os grupos da oposição do PP, PSOE e Cidadãos. Das galerias grita-se “Independência”.
Líderes parlamentares da oposição pedem a palavra
A líder da oposição, Inés Arrimadas, do partido Cidadãos, foi a primeira a pedir a palavra, criticando que não possam intervir os presidentes dos grupos parlamentares “já que o presidente Puigdemont não o faz”. “Vocês dinamitam o Estatuto, a Constituição e os princípios fundamentais da União Europeia e agarram-se ao regulamento”, queixou-se Arrimadas quando a presidente do parlamento, Carme Forcadell recusou a intervenção dos líderes – não prevista e não proposta na reunião da Junta de Porta-vozes. Miquel Iceta, do PSC, e Xavier García Albiol, pediram o mesmo que Arrimadas.
“Vêm aí tempos difíceis, momentos de tensão”
A porta-voz da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) enumerou o que considera as provas de “repressão de Madrid”: “Milhares de pessoas investigadas, 700 autarcas investigados, investigações em casas e escritórios, mais de mil feridos pela polícia e Guardia Civil, encerramentos de páginas web, ameaças de fuzilamento, de prisão… Senhora Arrimadas [Inés Arrimadas, líder do partido Cidadãos] peça à polícia infiltrada que me deixe fazer o meu trabalho… Que não continuem a tirar-me fotografias quando levo a minha filha ao colégio”.
“Não será fácil, não será gratuito, não será de um dia para o outro. Mas sabemos que temos o talento, o civismo, uma sociedade civil organizada e pacífica. Sabemos que há na Catalunha muita gente que não quer a independência e as suas vozes têm de ser ouvidas. Para isto precisamos de uma cultura democrática mais madura, mais exigente. E para isso precisamos de criar um debate constituinte plural”, afirma a porta-voz da ERC, membro da coligação Juntos pelo Sim. “Construir um Estado como queremos fazer significa que o Estado não pode estar mais por cima das pessoas”, disse, no fim da sua intervenção. “Vêm aí tempos difíceis, momentos de tensão”.
Fonte: Público