Silêncio calculado de Bolsonaro permite que sua base golpista se mobilize. Por Luis F. Miguel

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Por Luis F. Miguel.

Eu chuto que o silêncio de Jair foi, num primeiro momento, porque ele estava emburrado.

Isolou-se, não falava com ninguém, respondia por monossílabos.

Cercado de puxa-sacos, devia acreditar mesmo que ia ganhar. Dizem que agora estão procurando os culpados pela derrota – o faroeste paulistano da Zambelli e a trapalhada de Fábio Faria com a denúncia falsa das rádios do Nordeste seriam os principais suspeitos.

Eu preferia acreditar que a culpada pela derrota de Jair é a destruição de um país.

De todo jeito, quando a derrota foi confirmada ele ficou amuado. Parece até que brigou com Michelle. É bem verdade que, segundo todos os indícios, o casamento deles há tempos é só uma jogada com fins políticos. Mas, como não sou Leão Lobo, deixo o assunto de lado.

Só que agora o silêncio de Jair já tem outro sentido. É cálculo.

Ao não falar, Bolsonaro permite que sua base golpista se mobilize e deixa de responder pela inação do seu governo – leia-se Polícia Rodoviária Federal – diante da baderna promovida pelos caminhoneiros. Também se permite boicotar o funcionamento do governo de transição. Tudo isso sem se comprometer com o muitíssimo duvidoso projeto de golpe.

Os bolsonaristas eleitos, por sua vez, preferem deixar claro que não vão se arriscar nessa aventura. Há declarações grandiloquentes sobre como estão orando pelo Brasil caído em desgraça e de como serão oposição feroz – mas assumem que serão oposição, isto é, que Lula foi eleito e tomará posse.

Damares, que é uma esperta, serve de exemplo. Postou nas redes sociais textos com um recado claríssimo: “Jair deixará a presidência em janeiro de cabeça erguida”.

Elogio ao “mito”? Apenas protocolar. Está dizendo que a mudança de governo se fará, sem tumulto, na data planejada.

A exceção é a Zambelli, que continua operando no modo desvario e tuíta recomendando que os caminhoneiros continuem impedindo o tráfego nas estradas.

Ela está pedindo uma resposta do Judiciário. Puni-la passaria um recado muito importante para os extremistas no Congresso: é bom respeitar limites. Golpismo está fora deles.

Isso ajudaria muito na tarefa de permitir que o governo eleito no domingo, pela vontade da maioria do povo brasileiro, de fato governe.

Originalmente publicado no FACEBOOK do autor.

A opinião do/a/s autor/a/s não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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