Assincra (texto e fotos).
Os quarenta e cinco anos de fundação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), completados nesta quinta-feira (9), não foram motivo de celebração em Santa Catarina. Pelo contrário, os servidores da autarquia, associados à Associação dos Servidores do Incra (Assincra) e ao Sindicato Nacional dos Peritos Federais Agrários (SindPFA) no estado, fizeram uma paralisação conjunta para manifestar seu descontentamento frente ao descaso com que o governo vem tratando a reforma agrária e as reivindicações dos servidores – que não tem suas carreiras reestruturadas e vêem um rumo incerto para a autarquia.
O ato, que contou com apoio do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal em Santa Catarina (Sintrafesc), começou pela manhã, em um café coletivo no hall de entrada do prédio, em São José, na Grande Florianópolis. O momento foi de integração entre os funcionários e também de análise da negociação das categorias com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), cuja proposta para todos os servidores federais, que prevê reajuste salarial de 21,3% parcelados em quatro anos e com início em 2016, foi rejeitada pelo Incra em todos os estados. “Estamos pleiteando 27,3% que correspondem às perdas inflacionárias desde o último reajuste e não aceitamos que o governo engesse o movimento sindical com acordos plurianuais como esse, que não prevêem as perdas futuras”, revelou Dermio Filippi, diretor da Secretaria para Assuntos de Aposentadorias e Pensões do Sintrafesc.
Reestruturação e investimentos
Marcelo Spaolonse, vice-presidente da Assincra-SC, lembrou que além de não cobrir as perdas inflacionárias, a proposta não abarca as reivindicações específicas dos servidores do Incra, que desejam a reestruturação da carreira de Reforma e Desenvolvimento Agrário. Gilmar Amaral, do SindPFA, corroborou a tese de que os servidores do Incra não buscam somente corrigir as perdas. “A carreira do Incra não foi reestruturada como muitas outras, temos o salário defasado em comparação com outros órgãos federais e é por isso que somente a correção para nós não adianta”, explicou.
Além da insatisfação quanto à questão salarial, os servidores manifestaram também o descontentamento com a estrutura do órgão e as condições de trabalho. “Sofremos 49% de corte no orçamento esse ano, temos superintendências com prédios caindo e sem material básico de higiene para trabalhar”, lembrou Arnaldo José, integrante da diretoria nacional da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (CNASI). Frente à atual situação, além de não verem motivos para comemorar, os servidores se questionam sobre o real interesse do governo em sua política de desenvolvimento para o campo, uma vez que o órgão responsável pela gestão de terras encontra-se esquecido.