Por Ana Rosa Moreno, para Desacato.info.
Tradução: Elissandro Santana, para Desacato.info. (Esp/Port.)
Na semana passada, centenas de cidades participaram das mobilizações feministas no âmbito do 8M.
No México, como em outros países, a luta é constante, vivemos em uma cultura sexista imposta e normalizada. E o que nos custou? Podemos votar e ser eleitas, mas estamos longe de ter uma candidata à presidência, podemos decidir ser livres e dominarnos nosso destino e corpos, mas o número de feminicidas está aumentando. Nós podemos ir ao trabalho e à escola, mas o assédio nas ruas é a ordem do dia; podemos decidir sermos solteiras ou casarmos, mas nunca pensemos em abortar porque seremos presas.
Na atualidade, parece que a luta feminista no México está mais pesada porque não só se trabalha por igualdade de direitos, igualdade salarial, não discriminação de gênero, agora devemos acrescentar que temos que lutar por não sermos assediadas, violentadas ou mortas. Também exigimos o direito ao aborto seguro. Para muitos, nossas demandas são absurdas e nos chamam de feminazis; já não nos queimam na fogueira, mas nos queimam nas redes sociais e no cotidiano.
Para que não pensem que exagero, nas próximas linhas serão apresentados alguns dados terríveis.
De acordo com dados sobre incidência criminal com perspectiva de gênero revelada pelo Secretário Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública, em três anos (2015 a 2017), os promotores estaduais registraram 1.640 casos de investigação por crimes de feminicidio no México. Por falta de prova, a maior parte dos casos encontra-se encerrado, o que basicamente se traduz em impunidade. O culpado raramente é condenado.
No que diz respeito à questão do assédio sexual, entre janeiro e novembro de 2017 foram reportados 1.516 casos para este crime nas 32 entidades. O assédio sexual é punível em cada estado e a punição é de 1 a 3 anos, dependendo da relação hierárquica entre o agressor e a vítima.
A violência de gênero parece ser o pão diário no México, pois, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), 66,1% das mulheres sofreram em algum momento de suas vidas agressão sexual, física, laboral e emocional.
No México, a discriminação contra as mulheres indígenas é outra questão importante a ser abordada, porque ser minoria é invisível para a sociedade e a justiça. Não podemos negar que houve progressos no âmbito jurídico com uma abordagem de gênero, no entanto, a Lei Geral sobre o acesso das mulheres à vida sem violência não é acessível para as mulheres indígenas já que são marginalizadas e duplamente violadas diante do fato de que lhes são negados direitos básicos como alimentação, saúde e educação. Um exemplo disso é que na Cidade do México mais de 70% das mulheres indígenas sofrem discriminação ou algum tipo de violência física ou psicológica por ação ou por omissão, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Rural e do Capital Próprio para Comunidades (Sederec).
E por último, a questão do aborto. Não há dados exatos sobre quantos abortos são realizados na clandestinidade e este deve ser um direito universal em toda a República se quisermos garantir o bem-estar das mulheres. Em 2007, o aborto seguro foi legalizado na Cidade do México, mas na capital existem apenas 12 clínicas que oferecem aborto gratuito, sendo que somente duas cuidam de pacientes estrangeiros, o que não é suficiente para uma população de mais de 4 milhões de mulheres mexicanas.
Diversas organizações, grupos e coletivos trabalham diariamente em defesa das mulheres, com a oferta de serviços e aconselhamento jurídico, ajudando-as a serem independentes e capacitadoras. Também é necessário e vital continuar exigindo que as autoridades realizem ações e programas para a prevenção da violência contra as mulheres, que haja serviços adequados e eficientes no caso delas enfrentarem uma situação de violência, que aqueles que violam a lei sejam investigados e punidos. Que os serviços, programas e políticas não discriminem a ninguém e sejam aplicados de acordo com a realidade do gênero e dos povos indígenas. O trabalho e a luta são constantes, por isso, homens e mulheres devem trabalhar para a erradicação do machismo, da violência e da discriminação contra as mulheres. Não se trata de caprichos, mas de nos mantermos vivas e com dignidade.
Ser mujer y vivir en México
Por Ana Rosa Moreno, para Desacato.info.
La semana pasada cientos de ciudades se vieron envueltas de movilizaciones feministas dentro del marco del 8M.
En México, al igual que en otros países, la lucha es constante. Vivimos en una cultura machista impuesta y normalizada. Y vaya que nos ha costado: podemos votar y ser votadas pero estamos lejos de tener un titular del ejecutivo mujer, podemos decidir ser libres y dueñas de nuestro destino y cuerpo pero los números de feminicidios van en aumento. Podemos salir a trabajar e ir a la escuela pero el acoso callejero está a la orden del día y podemos decidir ser solteras o casarnos, pero que no se te ocurra abortar porque es cárcel segura.
En la actualidad parece que la lucha feminista en México es más pesada, ya que no sólo se trabaja por igualdad de derechos, igualdad en salarios, no discrimacion de género. Ahora hay que sumarle que peleamos por no ser acosadas, violentadas ni asesinadas. También demandamos el derecho al aborto seguro. Para muchos nuestras exigencias son absurdas y nos tachan de feminazis, ya no nos queman en la hoguera pero nos queman en las redes sociales y en la vida diaria.
Para que no piensen que exagero, aquí van algunos datos duros para fundamentar nuestros reclamos.
De acuerdo a los datos sobre incidencia delictiva con perspectiva de género revelados por el Secretario Ejecutivo del Sistema Nacional de Seguridad Pública, en tres años (2015 a 2017), las procuradurías estatales registraron mil 640 carpetas de investigación por delitos de feminicidios en México. La mayor parte de los casos quedan cerrados por falta de pruebas, lo que básicamente se traduce en impunidad. El culpable rara vez es sentenciado.
Con respecto al tema del acoso sexual, se reportaron entre enero y noviembre del 2017 mil 516 carpetas de investigación por ese delito en las 32 entidades. El acoso sexual es penado por cada entidad federativa y el castigo es de 1 a 3 años dependiendo la relación jerárquica entre el agresor y la víctima.
La violencia de género parece ser el pan de cada día en México, según datos del Instituto Nacional de Estadística y Geografía (INEGI), el 66.1% de las mujeres han sufrido alguna vez en su vida agresiones de tipo sexual, física, laboral y emocional.
En México la discriminación hacia la mujer indígena es otro tema importante a tratar, porque al ser una minoría, son invisibles para la sociedad y la Justicia. No podemos negar que ha habido avances en torno a un marco jurídico con enfoque de género, sin embargo, la Ley General de Acceso de las mujeres a la vida libre de violencia que actualmente opera no es accesible para la mujer indígen,a ya que son marginadas y son doblemente violentadas al negarles derechos básicos como a alimentación, la salud y la educación. Un ejemplo de ello es que en la ciudad de México mas del 70% de las mujeres indígenas sufren discriminación o algún tipo de violencia física o psicológica por acción u omisión según los datos de la Secretaría de Desarrollo Rural y Equidad para las Comunidades (Sederec).
Y por último y no por ello importante, el tema del aborto. No hay datos exactos de cuántos abortos se realizan en la clandestinidad, pero debe ser un derecho universal en toda la república si queremos asegurar el bienestar de la mujer. En el 2007 se legalizó el aborto seguro en la Ciudad de México y en la capital existen 12 clínicas que ofrecen aborto gratuito, pero solo dos de ellas atiende pacientes foráneas, lo cual no da abasto para una población de mas de 4 millones de mujeres mexicanas.
Diversas organizaciones, grupos y colectivos trabajan diariamente por defender a la mujer, ofrecen servidos y asesorías legales, les ayudan a ser independientes y empoderadas. También es necesario y vital seguir exigiendo que las autoridades realicen acciones y programas para la prevención de la violencia contra las mujeres, que existan servicios adecuados y eficientes en caso de estar frente a una situación de violencia, que se investigue y se castigue a quienes violentan a la mujer. Que los servicios, los programas y las políticas no discriminen a nadie y se apliquen de acuerdo a la realidad de género y de los pueblos indígenas. El trabajo y la lucha es constante y tanto hombres cómo mujeres debemos trabajar para erradicar el machismo, la violencia y la discriminación hacia la mujer. No se trata de caprichos sino de mantenernos con vida y dignidad.
Revisão geral: Tali Feld Gleiser.
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Ana Rosa Moreno é licenciada em Relações Internacionais e mora em Puebla, México.