Por Ana Rosa Moreno, México, para Desacato.info.
(Português/Español).
Jornalismo é essa profissão que sem sua existência basicamente não saberíamos nada do que ocorre no mundo. O jornalismo é um trabalho e um ofício vital para a informação da população, porque quando se exerce com vocação e paixão serve como ferramenta para a construção da história de cada nação e para fazer consciência sobre o que acontece hoje em dia. Mas, o que sucede quando o jornalismo é manipulado? Ou pior ainda, o que acontece quando jornalistas que querem mostrar a verdade como ela é são assassinados?
O México, além de ser um país diverso e multicultural, também é testemunha e vítima do crime organizado, a corrupção, a exploração indébita e ilegal de seus recursos naturais, da violência de Estado e de uma grande lista de crimes que cresce mais a cada dia, mas que é maquiada para que o Estado possa promover o país e aproximar o investimento ao investimento privado estrangeiro, para ficar bem diante da Organização das Nações Unidas e outras ONG que advogam pela defesa dos direitos humanos, criar a ilusão de um país de democracia e de paz, para fazer acreditar que não existe a corrupção, o crime organizado e a repressão do Estado, em fim para criar a imagem de um país onde nada acontece.
Para conseguir esse objetivo de um país pacífico o Estado cala os jornalistas que informam sobre seus crimes, o jornalista mexicano deve lidar com as ameaças e os ataques armados dos cartéis e outras organizações criminosas. Ser jornalista ou blogueiro no México é um ofício suicida, porque você sabe que em qualquer momento, numa tentativa de informar a população sobre algum fato, dos movimentos do narcotráfico, das alianças cartéis-governo, da repressão do Estado tanto federal como estadual pode ser visto como uma ameaça para a estabilidade do crime organizado e a corrupção e portanto, o jornalista precisa ser eliminado.
Segundo um relatório de Repórteres Sem Fronteiras, “na última década mais de 80 jornalistas foram assassinados e 17 desapareceram”. Se falamos em liberdade de imprensa, o México ocupa o número 148 de 180 países, sendo a Finlândia o país número uno porque não registrou a morte nem desaparecimento de nenhum jornalista.
Outro informe realizado pelo Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ por suas siglas em inglês) expressa que, desde 1992 79% dos jornalistas falecidos cobriam assuntos relacionados com o crime, a maioria deles foram homens e em um de cada dez assassinatos se suspeita que existiu uma ordem proveniente do governo. O México tem o quinto lugar de assassinatos registrados a jornalistas em nível global, se nos situamos na América Latina, de 13 países ocupa o primeiro lugar.
Agora, antes de que um jornalista seja executado, existe a intimidação, de fato em 2013 o governo federal com alguns governos estaduais pactaram um acordo para que não se divulgue a informação sobre fatos de violência, para reduzir o sentimento de insegurança.
Em relação à impunidade de assassinatos, no mundo, o México ocupa o sétimo lugar, ou seja, a maior parte dos atentados ou assassinatos a jornalistas ficam sem solução, nenhum homicida ou autor intelectual é capturado ou processado. Apesar de que em abril de 2013, se aprovou uma lei no México para perseguir os crimes contra jornalistas, a lei só ficou como letra morta.
As investigações sobre casos por homicídio a jornalistas geralmente se consideram fechados ou são paralisados. A impunidade delata a forma em que o crime organizado e o governo em todos suas instâncias se aliaram para não investigar nem punir os autores, nem para fazer justiça às famílias dos jornalistas.
A continuação menciono alguns dos casos mais divulgados de jornalistas assassinados que ficaram impunes no México:
Adrián Silva Moreno do estado de Puebla, era um repórter free lancer que antes de sua morte investigava uma rede dedicada ao roubo de gasolina em grande escala. Enquanto cobria a investigação, presenciou um enfrentamento entre militares e um grupo criminoso, saiu ileso naquele momento, mas mais tarde foi executado junto com seu companheiro Misray López González.
Rubén Espinosa Becerril do estado Veracruz, era fotojornalista e correspondente de Cuartoscuro e da revista Proceso, estaba em condições de exílio na Cidade do México, tinha saído de Veracruz porque se sentia ameaçado, foi assassinado em 1 de agosto de 2015, junto com outras quatro pessoas. A fotografia que condenou a morte a Rubén Espinosa mostrou Javier Duarte o governador de Veracruz com olhar agressivo, barriga para fora e um boné com o escudo da polícia do estado, o verdadeiro rosto da tirania do PRI (Partido Revolucionário Institucional, partido com maior controle político no México). Acredita-se que foi o governador quem mandou assassiná-lo e embora os supostos criminosos tenham sido capturados, o caso ficou impune.
Anabel Flores Salazar também do Estado de Veracruz, trabalhava como repórter em O Sol de Orizaba, foi sequestrada, subtraída de sua casa na segunda-feira 8 de fevereiro, em Veracruz e foi encontrada no estado de Puebla na manhã da terça 9 de fevereiro, seu corpo estava pendurado de uma árvore, com uma sacola de plástico na cabeça. Com ela já somam 19 os jornalistas assassinados mais três desaparecidos durante o governo de Javier Duarte.
Moisés Dagdug Lutzow do estado de Tabasco, jornalista e empresário, foi assassinado no sábado 20 de fevereiro deste ano. Seu cadáver foi encontrado dentro de sua casa. A Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) comunicou que desconhecidos ingressaram a seu lar, o esfaquearam e levaram seu carro. Não pode ter sido um roubo de automóvel porque foi achado mais tarde abandonado. Moisés Dagdug era proprietário do Grupo VX, também foi diretor da emissora de radio XEVX A Grande de Tabasco desde 1980, conduzia o programa semanal “De frente Tabasco” e foi deputado federal pelo PRD (Partido da Revolução Democrática, um dos partidos representantes da esquerda mexicana) entre 2006 e 2009. Seu estilo jornalístico se caracterizou por suas críticas ao governo estadual e já tinha recebido ameaças de morte.
México tristemente não é um bom lugar para exercer o jornalismo, e muito menos, seguro para os jornalistas nacionais. A maioria teve que procurar refúgio em outros países o exilar-se em outras cidades para fugir das ameaças que enfrentam. A maior parte da mídia prefere não tocar no assunto do narcotráfico por temer as represálias violentas (autocensura). As redes sociais têm servido como apoio para ter acesso à informação sobre o narcotráfico e a corrupção, contudo, isso não os isenta de considerar como alvos os blogueiros que tentem romper o silêncio.
Tradução: Tali Feld Gleiser
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Ser periodista en México y morir en el intento
Por Ana Rosa Moreno, México, para Desacato.info.
Periodismo es esa profesión que sin su existencia básicamente no sabríamos nada de lo que ocurre en el mundo. El periodismo es un trabajo y un oficio vital para la información de la población, ya que cuando se ejerce con vocación y pasión sirve como herramienta para la construcción de la historia de cada nación y para hacer conciencia sobre lo que ocurre hoy en día. Pero ¿qué pasa cuando manipulas el periodismo? O peor aún ¿qué pasa cuando asesinas a los periodistas que buscan mostrar la verdad tal cual es?
México, además de ser un país diverso y multicultural, también es testigo y víctima del crimen organizado, la corrupción, la explotación indebida e ilegal de sus recursos naturales, de la violencia de Estado y de una gran lista de crímenes que cada día crece pero que es maquillada para que el Estado pueda promocionar al país y acercar a la inversión privada extranjera, para quedar bien ante la Organización de Naciones Unidas y demás ONG que abogan por la defensa de los derechos humanos, crear la ilusión de un país de democracia y de paz, para hacer creer que no existe la corrupción, el crimen organizado y la represión del Estado, en fin para crear la imagen de un país donde no pasa nada.
Para lograr el cometido de un país pacífico el Estado calla a los periodistas que informan sobre sus crímenes; el periodista mexicano debe lidiar con las amenazas y los ataques armados de los carteles y demás organizaciones delictivas. Ser periodista o bloguero en México es un oficio suicida, porque en cualquier momento sabes que en un intento de informar a la población de lo que ocurre, de los movimientos del narcotráfico, de las alianzas carteles-gobierno, de la represión del Estado tanto federal como estatal puede ser visto como una amenaza para la estabilidad del crimen organizado y la corrupción y por tanto, el periodista tiene que ser eliminado.
De acuerdo a un informe de Reporteros Sin Fronteras, “en la última década han sido asesinados más de 80 periodistas y 17 han desaparecido”. Si hablamos de libertad de prensa, México ocupa el número 148 de 180 países, siendo Finlandia el país número uno ya que no ha registrado la muerte o desaparición de ningún periodista.
Otro informe realizado por el Comité para la Protección de Periodistas (CPJ por sus siglas en inglés) arroja que, desde 1992, el 79% de los periodistas fallecidos cubrían temas relacionados con el crimen, la mayoría de ellos fueron hombres y en uno de cada diez asesinatos se sospecha que existió una orden provenida del gobierno. México tiene el quinto lugar de asesinatos registrado a periodistas a nivel global, si nos ubicamos en Latinoamérica, de 13 países ocupa el primer lugar.
Ahora, antes de que un periodista sea ejecutado, existe la intimidación; de hecho, en el 2013 el gobierno federal con algunos gobiernos estatales pactaron un acuerdo para que no se divulgue la información sobre hechos de violencia, para reducir el sentimiento de inseguridad.
En cuanto a impunidad de asesinatos, México a nivel mundial, ocupa el séptimo lugar, es decir, la mayor parte de los atentados o asesinatos a periodistas quedan sin resolver, ningún homicida o autor intelectual es capturado o procesado. A pesar de que en abril del 2013, se aprobó una ley en México para perseguir los crímenes contra periodistas, la ley solo ha quedado como letra muerta.
Las investigaciones sobre casos por homicidio a periodistas generalmente se dan por cerradas o se frenan. La impunidad delata la manera en que el crimen organizado y el gobierno en todos sus niveles se han aliado para no investigar ni castigar a los autores, ni para hacer justicia a las familias de los periodistas.
A continuación menciono algunos de los casos más sonados de periodistas asesinados que han quedado impunes en México:
Adrián Silva Moreno del estado de Puebla, era un reportero FreeLancer que antes de su muerte investigaba una red dedicada al robo de gasolina a gran escala. Mientras cubría la investigación presenció un enfrentamiento entre militares y un grupo delictivo, salió ileso en el momento pero más tarde fue ejecutado junto con su compañero Misray López González.
Rubén Espinosa Becerril del estado Veracruz, era fotoperiodista y corresponsal de Cuartoscuro y de la revista Proceso, estaba en condiciones de exilio en la Ciudad de México, había salido de Veracruz porque se sentía bajo amenaza, fue asesinado el 1 de agosto del 2015, junto con otras cuatro personas. La fotografía que condenó a muerte a Rubén Espinosa mostro a un Javier Duarte el gobernador de Veracruz con mirada agresiva, panza de fuera y una gorra con el escudo de la policía del estado, el verdadero rostro de la tiranía del PRI (Partido Revolucionario Institucional, partido con mayor control político en México). Se cree que fue el mismo gobernador quien lo mando asesinar y a aunque se capturaron a los supuestos criminales el caso quedó impune.
Anabel Flores Salazar también del Estado de Veracruz, trabajaba como reportera en El Sol de Orizaba, fue secuestrada, sustraída de su hogar el lunes 8 de febrero, en Veracruz y fue encontrada en el estado de Puebla en la mañana del martes 9 de febrero, su cuerpo estaba colgado de un árbol y con una bolsa de plástico en la cabeza. Con ella ya suman 19 periodistas asesinados más tres desaparecidos durante el gobierno de Javier Duarte.
Moisés Dagdug Lutzow del estado de Tabasco, periodista y empresario, fue asesinado el sábado 20 de febrero de este año, su cadáver fue encontrado dentro de su vivienda. La Sociedad Interamericana de Prensa (SIP) comunico que desconocidos ingresaron a su hogar, lo apuñalaron y se llevaron su vehículo, no pudo haber sido un robo de automóvil puesto que fue encontrado más tarde abandonado. Moisés Dagdug era propietario del Grupo VX, también fue director de la emisora de radio XEVX La Grande de Tabasco desde 1980, conducía el programa semanal “De frente Tabasco y fue diputado federal por el PRD (Partido de la Revolución Democrática, es uno de los partidos representantes de la izquierda mexicana) entre 2006 y 2009. Su estilo periodístico se caracterizó por sus críticas al gobierno estatal y ya había recibido amenazas de muerte.
México tristemente no es un buen lugar para ejercer el periodismo, ni mucho menos seguro para los periodistas nacionales, la mayoría ha tenido que buscar refugio en otros países o exiliarse en otras ciudades para huir de las amenazas que enfrentan. La mayoría de los medios de comunicación han preferido no tocar el tema del narcotráfico por temer a las represalias violentas (autocensura). Las redes sociales han servido como soporte para accesar a la información sobre el narcotráfico y la corrupción, sin embargo eso no exenta de tomar como blancos a los blogueros que intentar romper el silencio.