Composta por Senegal e outras quatro nações vizinhas, a intervenção militar aconteceu como parte de uma operação internacional para devolver a legalidade a esse pequeno país, com cerca de dois milhões de habitantes, nas mãos de Jammeh desde 1994.
O Conselho de Segurança da ONU votou por unanimidade uma resolução de apoio à intervenção africana ocidental. Mais cedo, aviões de combate nigerianos fizeram missões de reconhecimento sobre a Gâmbia, em especial sobre Banjul.
Quinta-feira à tarde, o novo presidente gambiano, Adama Barrow, de 51, prestou juramento em cerimônia oficial realizada na Embaixada do país no Senegal.
Todo vestido de branco, Barrow prestou juramento com as mãos sobre o Alcorão, pouco antes das 17h (15h, horário de Angola), diante do presidente da Ordem dos Advogados da Gâmbia, Sheriff Tambadou, e na presença de vários representantes de organizações internacionais e regionais.
Suas duas mulheres acompanharam o evento.
O novo presidente disse se tratar de uma “ocasião histórica”. É um dia que os gambianos nunca mais vão esquecer”, afirmou. “A bandeira gambiana tremulará alto agora”, declarou, após a inédita posse no exterior.
Ele também ordenou “ao chefe do Estado-Maior e aos oficiais de alta patente que me mostrem sua lealdade enquanto comandante em chefe”.
Na quarta à noite, o chefe do Exército gambiano, general Ousman Badjie, havia declarado a estrangeiros em um sector turístico perto de Banjul que seus homens não lutariam, se as tropas da Cedeao entrassem no país.
“Esta é uma disputa política”, explicou, acrescentando que “não vou envolver meus soldados em um combate estúpido”.
Em sua posse, o novo presidente fez um apelo pela união, pela reunião e pelo trabalho, prometendo governar para todos, e não apenas para os que votaram nele.
Ele agradeceu aos países e às instituições que se mobilizaram para resolver a crise na Gâmbia, instalada depois de Jammeh ter declarado que não reconheceria o resultado das urnas.
Barrow mencionou, especialmente, os presidentes Muhammadu Buhari (Nigéria) e Macky Sall (Senegal), assim como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cédéao), a União Africana e a ONU.
Entre as personalidades que compareceram à posse, estavam o primeiro-ministro senegalês, Mahammad Boun Abdallah Dionne; o ministro senegalês das Relações Exteriores, Mankeur Ndiaye; o presidente da Comissão da Cedeao, Marcel Alain de Souza; o enviado especial da ONU na África Ocidental,
Mohamed Ibn Chambas, além de vários embaixadores acreditados em Dacar.
Situada no bairro de Yoff, a embaixada foi cercada, após a posse, por uma multidão de gambianos exilados.
Alguns usavam camisetas com a inscrição #GambiaHasDecided” (“Gâmbia decidiu”), slogan dos partidários da mudança de governo, enquanto outros agitavam bandeiras, dançavam e cantavam.
Apesar do estado de emergência decretado pelo Governo, a população tomou as ruas da capital gambiana, Banjul, para festejar a posse.
“Por fim chegou a liberdade. A tirania foi enterrada e a democracia restaurada”, comemorava Lamin Sanyang, simpatizante de Barrow, nas ruas da capital.
“Entraram esta tarde”, declarou à AFP o porta-voz do Exército do Senegal, coronel Abdoul Ndiaye, referindo-se às tropas senegalesas e de outros quatro países da África Ocidental.
O anúncio sobre a entrada das tropas foi feito alguns minutos depois de o Conselho de Segurança ter apoiado os esforços militares para forçar a saída de Jammeh. Patrocinada pelo Senegal, a resolução ganhou a adesão de todos os 15 membros do órgão, incluindo a Rússia. Moscovo destacou, porém, que a medida não autorizou formalmente uma acção militar nesse país.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, telefonou hoje, sexta-feira, para Adama Barrow para manifestar seu total apoio.
Guterres expressou “ao presidente Barrow seu total apoio por sua determinação e pela histórica decisão da Cedeao, com o apoio unânime do Conselho de Segurança, para restaurar a autoridade da lei na Gâmbia, assim como para honrar e respeitar o povo da Gâmbia”, informou um porta-voz da ONU.
Turistas – principalmente britânicos – continuam sendo retirados do país.
Milhares de pessoas fugiram da Gâmbia nos últimos dez dias em meio a uma escalada de tensões, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
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Fonte: Angop.