O Senado dos Estados Unidos definiu na madrugada desta quarta-feira (22/01), após 13 horas de debate, as regras para o julgamento do processo de impeachment do presidente norte-americano Donald Trump.
Durante a sessão, a maioria republicana rejeitou todas as tentativas dos democratas para convocar novas testemunhas contra o mandatário. A expectativa é que o julgamento seja retomado nesta tarde.
Nesta terça-feira (21/01), o início da sessão foi marcado por polêmicas, principalmente porque as 11 emendas apresentadas pelo líder da oposição, Chuck Schumer, para citar testemunhas chaves e obter documentos foram barradas pelos republicanos.
A medida é mais um indício de que o processo contra Trump provavelmente será encerrado com a absolvição do presidente, que tentará sua reeleição nas próximas eleições em novembro. As regras definidas confirmam o projeto apresentado pelo líder da maioria republicana, Mitch McConnel.
Trump é o terceiro presidente dos Estados Unidos a ser submetido a um julgamento de impeachment. Ele é acusado de abuso de poder por ter pressionado o presidente da Ucrânia, Vladymyr Zelensky, a anunciar uma investigação contra Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca e cujo filho, Hunter, foi conselheiro de uma empresa ucraniana de gás, a Burisma. Já a denúncia por obstrução do Congresso foi por ter instruído membros do governo a não prestarem depoimentos. Trump, por sua vez, nega as irregularidades.
Agenda do impeachment
Segundo o cronograma, acusação e defesa terão um prazo de 24 horas – dividido em três sessões de oito horas cada – para apresentar os argumentos iniciais.
Logo depois, os senadores vão ter 16 horas para os interrogatórios. Além disso, uma outra votação irá definir se o Senado ouvirá ou não as testemunhas que não prestaram depoimento durante a fase de investigação na Câmara.
Os democratas querem ouvir os principais assessores da Casa Branca que trabalharam em estreita colaboração com Trump, incluindo o chefe de gabinete interino Mick Mulvaney e o ex-assessor de Segurança Nacional John Bolton. Apesar da insistência, por 53 a 47 votos, o Senado rejeitou três propostas democratas para obter documentos e provas no julgamento.
A maioria republicana também bloqueou a moção de Schumer para convocar os funcionários e as emendas para exigir o acesso a registros do Departamento de Estado e do escritório de orçamento da Casa Branca.
A intimação de Bolton, que disse estar disposto a cumprir qualquer ordem desse tipo, também foi bloqueada. McConnel já havia prometido obstruir qualquer tentativa de burlar o procedimento por meio de emendas, o que, de fato, aconteceu.
“Se qualquer emenda for apresentada para forçar opiniões prematuras no meio do julgamento, eu vou agir para prorrogar [a apreciação] dessas emendas”, disse.
Para condenar Trump, serão necessários dois terços dos votos do Senado, o que equivale a 67 de um total de 100. A oposição democrata conta hoje com 47 senadores, incluindo dois independentes. Ou seja, 20 dos 53 republicanos precisariam votar pelo impeachment para condenar o presidente norte-americano.
*Com ANSA