Depois de cinco anos de estudos práticos e teóricos, 39 acadêmicos da 2ª Turma Especial de Medicina Veterinária para assentados da Reforma Agrária receberam na quinta-feira (16), o diploma de conclusão de curso da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.
A turma, que recebeu o nome Hugo Chávez, é composta por 44 acadêmicos assentados e filhos de beneficiários da Reforma Agrária, sendo que cinco deles já realizaram formatura de gabinete no último dia 10, e os outros 39 celebrarão amanhã a conquista de um diploma em curso superior. A maioria dos formandos é ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) — uma estudante é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Eles são oriundos do Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
As turmas especiais são resultados da luta do MST por acesso à Educação, a qual possibilita o ingresso de trabalhadores de todas as regiões do país em Medicina Veterinária na UFPel. O curso superior acontece numa parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a UFPel, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Em 2015, 45 Sem Terra se formaram Médicos Veterinários nessa iniciativa. Parte da segunda turma recebe diploma amanhã e a terceira, com 60 acadêmicos, começará as aulas no final deste mês.
Para Cátia Gonçalves, da coordenação pedagógica do curso, formar a segunda turma é uma conquista e mostra que a parceira entre o MST, a UFPel e o Pronera está dando certo. “É a certeza de que teremos filhos de assentados e militantes camponeses formados e contribuindo nas áreas de Reforma Agrária. A formatura é o cumprimento de um trabalho coletivo e necessário para a ascensão da classe trabalhadora”, ressalta.
Origem das turmas
O curso começou a ser pensado ainda em 2005 pelo MST, quando foi encaminhado um projeto para a capacitação de jovens em Medicina Veterinária ao Pronera. No ano de 2007 aconteceu a assinatura do convênio e o vestibular para ingresso de 60 acadêmicos.
Porém, o Ministério Público de Pelotas entrou com uma ação civil contra a realização do curso e as aulas iniciaram apenas quatro anos depois, no primeiro semestre de 2011, após longa disputa judicial que terminou com o parecer favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao Incra no final de 2010.
As aulas iniciaram em regime de alternância, ou seja, os estudantes passavam de 80 a 120 dias na Universidade e depois mais dois meses nas suas comunidades, realizando trabalhos acadêmicos e de pesquisa prática.