Por Sérgio Homrich.
A Assembleia dos servidores decidiu pela continuidade e ampliação da greve no serviço público municipal de Jaraguá do Sul, até que o prefeito Antídio Lunelli retire o pacote de projetos que atacam direitos da categoria. A decisão foi tomada pela unanimidade dos mais de 2 mil servidores presentes à Assembleia, realizada no início da noite de sexta-feira (17), no pátio do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário e contou com as presenças da presidente da CUT/SC, professora Ana Júlia Rodrigues, do presidente da Fetram (Federação dos Trabalhadores Municipários de SC), Lizeu Mazzioni, e do vereador Arlindo Rincos.
Na manhã deste sábado, os servidores realizam manifestação na Praça Ângelo Piazera, a partir das 9 horas, e na segunda-feira (20) retornam à frente da Prefeitura onde acontece a concentração desde o início do movimento grevista, no dia 6 de março. Na terça-feira (21) a manifestação inicia logo cedo no entorno da Câmara de Vereadores, até o período da tarde quando acontece mais uma sessão de votação dos projetos incluídos no chamado “pacote de maldades do Antídio”.
Indignação
Os servidores ficaram indignados ao tomarem conhecimento do resultado da audiência entre o comando de greve e o prefeito Antídio Lunelli, o secretário de Administração, Argos Burgardt, a chefe de gabinete Manuela Wolf e o setor jurídico da administração, que nenhuma proposta fizeram para acabar com a greve. A audiência aconteceu pouco antes da Assembleia, no gabinete do prefeito. “O prefeito não está dando a mínima para os servidores, a questão não é meramente contábil porque os números provam que a Prefeitura tem condições de manter os direitos conquistados pela categoria. A retirada de direitos dos servidores é uma questão de princípio da administração”, discursou o presidente do Sinsep, Luiz Cezar Schorner, durante a Assembleia. Já a presidente da CUT criticou que “o prefeito tratou os servidores com indiferença e desconhece o serviço público, foi um deboche”, resumiu Ana Júlia.
Ex-presidente do Sinsep e servidora pública há 28 anos, Idinei Petry disse que nunca viu “tanta indiferença e descaso como esta administração tem tratado os servidores” e que “em três meses, o prefeito só fez coisas ruins para toda a categoria”. O presidente da Fetram/SC criticou que o propósito desta administração é retirar direitos dos servidores com o objetivo de privatizar o serviço público, “como o Samae, por exemplo: Neste momento deveria estar se discutindo o reajuste para a categoria, que está em campanha salarial, e não a redução de direitos”, criticou. A Assembleia teve a participação de uma comissão de pais, que prestou solidariedade ao movimento, está fazendo uma petição on line e abaixo-assinado em apoio à greve.
A assessoria jurídica do Sinsep ingressou hoje com recurso no Tribunal de Justiça, em Florianópolis, para que seja anulada a decisão da liminar que determinou a ilegalidade da greve, e também já agendou uma audiência para a tarde do dia 24 de março no Ministério Público do Trabalho, em Joinville, na tentativa de buscar a conciliação entre as partes.
A audiência
Embora tenha solicitado a audiência com o comando de greve, o prefeito Antídio Lunelli não fez qualquer proposta para acabar com a paralisação. Chegou a agendar nova rodada de negociação para as 14 horas do dia 20 de março, mas, em seguida, o próprio secretário Argos Burgardt informou que não haveria motivo para o encontro, já que o pacote continuaria na Câmara de Vereadores, à espera da votação. Argos ainda disse ao comando de greve que não existe nenhuma garantia de que os dois projetos retirados da pauta de votação (PLCs 08/2017, que previa o fim da Progressão Funcional, e 10/2017, que extinguia os triênios) não mais retornem ao Legislativo nos próximos meses.
A única exigência feita pelo Sindicato e o comando de greve é de que o prefeito retire o pacote de projetos da Câmara, na íntegra. “E aceite o final da greve com a formulação de um calendário de reposição das aulas na Educação e de trabalho para todos os demais, sem penalizar os servidores”, explicou o presidente do Sinsep, Luiz Cezar Schorner, e que o prefeito institua uma mesa de estudos, juntamente com o Sindicato, a Câmara de Vereadores e a administração municipal para começar a negociar o mais breve possível. “Estamos prontos para voltar ao trabalho, mas também estamos preparados para continuar a greve”, resumiu Luiz Schorner.
Legenda Foto de Capa: Servidores decidiram manter a greve, por unanimidade, durante a Assembleia realizada no STIVestuário, no início da noite de sexta-feira (17).