Por Sílvia Medeiros, para Desacato.info.
Patrões ofereceram 7,5% de reajuste do Piso Estadual e proposta não teve acordo com os trabalhadores, nova rodada de negociação está agendada para final de janeiro
Na tarde do dia 07 de janeiro, reuniram-se na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina – FIESC em Florianópolis, representantes do setor empresarial e representantes dos trabalhadores a fim de negociarem o reajuste do Piso Estadual de Salários. Foi a terceira mesa de negociação e os representantes dos empresários insistiram em trazer diagnósticos negativos da economia e propuseram um aumento de apenas 7,5%.
A negociação para reajuste do piso para o ano de 2015 começou no inicio de dezembro do ano passado. Na primeira mesa os empresários ofereceram de reajuste apenas o índice da inflação (6,34%). A proposta foi recusada de imediato pelos trabalhadores, que depois de uma longa pesquisa dos dados econômicos de Santa Catarina, defendiam um reajuste de 15%.
A segunda negociação, que aconteceu em meados de dezembro, novamente trouxe poucos avanços para a classe trabalhadora. Apesar dos trabalhadores terem diminuído o reajuste de 15, para 12%, os empresários ofereceram apenas 7% de reajuste e alegaram que as perspectivas econômicas para 2015 não eram favoráveis para um reajuste de percentual maior que este.
Nesta terceira negociação o discurso não foi diferente, os empresários insistiram na tese de “Terra arrasada” e tentaram comprovar com estatísticas a dificuldade que as indústrias e empresas irão enfrentar no próximo período. Ivo Castanheira, coordenador da Comissão de Negociação dos Trabalhadores e dirigente da Federação dos Empregados no Comércio de Santa Catarina – FECESC, lembrou que esse discurso de dificuldade sempre é apresentado nas negociações de reajuste do piso. De acordo com ele, na prática o que se vê é um crescimento econômico no estado superior aos estados vizinhos e, até mesmo, do Brasil.
O economista, José Álvaro Cardoso, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Econômicas – Dieese, ressaltou que a sociedade brasileira vive um momento inédito, em que os indicadores econômicos não condizem com a percepção e realidade da sociedade. “Hoje vemos alguns economistas alarmarem uma grave crise, inflação descontrolada e grande onda de desemprego, porém na prática observamos que alguns locais vivem até em situação de pleno emprego. Não temos dúvidas que a indústria brasileira possui grandes dificuldades, mas não será no reajuste salarial que isso irá se resolver”, salientou José Álvaro.
Mas apesar de um longo debate a classe empresarial pediu mais um tempo para avaliar e chegar num reajuste aceitável para os patrões. Neudi Giachini, comerciário de Xanxerê e presidente da CUT-SC frisou que é preciso uma contrapartida dos empresários, visto que na segunda negociação foram diminuídos 3% e agora mais 0,5% e os empresários não avançam de 1% acima da inflação. “Nós começamos pedindo 15%, diminuímos para 12% e agora para 11,5%, esta desproporcional o nosso recuo e o avanço que estamos tendo. É preciso que a classe empresarial sinalize uma proposta melhor aos trabalhadores”, declarou Neudi.
Como não se chegou a um acordo, foi marcada a quarta rodada de negociação para as 13h30min do dia 30 de janeiro, novamente na FIESC. Federações, Centrais e Sindicatos de Trabalhadores de Santa Catarina têm representantes na Comissão de Trabalhadores. A CUT-SC esta representada pelo presidente Neudi Giachini e pelo metalúrgico de Joinville e Secretário de Formação da CUT-SC, Cleverson de Oliveira, que tem acompanhado desde o inicio as negociações.